O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) sobe 0,64% em março de 2025, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de representar uma desaceleração expressiva em relação a fevereiro, quando o índice teve alta de 1,23%, o resultado mantém o sinal de alerta para inflação persistente no Brasil.
Esse avanço foi impulsionado principalmente pela elevação nos preços dos alimentos e combustíveis, setores que exercem forte peso na composição do índice. Com o dado de março, o IPCA-15 sobe 1,99% no acumulado do primeiro trimestre do ano, acima dos 1,46% observados no mesmo período de 2024.
Alimentos lideram alta de preços e pressionam IPCA-15
O grupo Alimentação e Bebidas registrou alta de 1,09% em março, sendo o maior responsável pelo avanço do IPCA-15 no mês. A alimentação no domicílio subiu 1,25%, puxada por alimentos básicos da cesta brasileira como ovo de galinha (19,44%), tomate (12,57%) e café moído (8,53%).
A alimentação fora do lar também teve elevação relevante, com alta de 0,66%. Tanto o preço das refeições (0,62%) quanto dos lanches (0,68%) contribuíram para o aumento geral.
O impacto direto do aumento no preço dos alimentos no orçamento das famílias é significativo, especialmente entre as classes mais baixas. O dado reforça que, apesar de o IPCA-15 subir com menor intensidade em março, os efeitos continuam sentidos no dia a dia da população.
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Combustíveis sobem e pressionam transportes
Outro grupo que contribuiu de forma decisiva para o IPCA-15 subir foi o de Transportes, com variação de 0,92%. O principal fator foi o aumento de 1,88% nos combustíveis, com destaque para:
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Óleo diesel: +2,77%
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Etanol: +2,17%
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Gasolina: +1,83%
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Gás veicular: +0,08%
Com a alta nos combustíveis, o custo do transporte urbano e do frete também sobe, gerando efeitos secundários nos preços de outros produtos. Mesmo com a desaceleração do índice geral, a escalada dos combustíveis levanta dúvidas sobre a trajetória futura da inflação.
IPCA-15 sobe menos, mas ainda preocupa
Apesar da desaceleração frente a fevereiro, quando o IPCA-15 subiu 1,23%, o número atual ainda gera preocupação. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 sobe 5,26%, acima dos 4,96% registrados até fevereiro.
O índice de março também supera o resultado do mesmo mês do ano passado, quando houve alta de 0,36%. Essa combinação de fatores indica que a pressão inflacionária ainda persiste, mesmo com os esforços do Banco Central para controlá-la.
Grupos em alta: todos os setores apresentaram variação positiva
Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram variação positiva em março:
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Alimentação e bebidas: 1,09%
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Transportes: 0,92%
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Despesas pessoais: 0,81%
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Habitação: 0,37%
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Saúde e cuidados pessoais: 0,35%
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Comunicação: 0,32%
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Vestuário: 0,28%
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Educação: 0,07%
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Artigos de residência: 0,03%
O destaque fora do radar ficou por conta do grupo de Despesas Pessoais, com alta de 0,81%, influenciada pela retomada dos preços de cinema, teatro e concertos — que subiram 7,42% com o fim da “semana do cinema” em fevereiro.
O que o IPCA-15 sinaliza para a Selic?
O fato de que o IPCA-15 sobe de maneira menos intensa pode ser interpretado como uma oportunidade para o Comitê de Política Monetária (Copom) manter o ritmo de corte da Selic. No entanto, a elevação acumulada no trimestre, a pressão sobre alimentos e combustíveis e as projeções do mercado devem manter o tom mais conservador do Banco Central.
Com uma inflação anualizada de 5,26%, o espaço para quedas mais ousadas nos juros pode estar reduzido, especialmente se o cenário global — marcado por tensões comerciais e incertezas fiscais — continuar pressionando o câmbio e os preços de insumos.
Expectativa para os próximos meses
A expectativa é que o IPCA-15 continue oscilando nos próximos meses, com tendência de leve queda conforme os efeitos da entressafra diminuem. No entanto, o preço dos combustíveis e a volatilidade cambial podem seguir como fatores de risco.
A combinação entre alta de preços administrados, demanda aquecida e fatores externos — como o petróleo e tarifas de importação — deve manter o IPCA-15 sob observação. O mercado projeta que a inflação oficial (IPCA cheio) feche o ano entre 4,5% e 5,0%, ainda acima do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Cautela e atenção às próximas leituras
O dado de que o IPCA-15 sobe 0,64% em março é, ao mesmo tempo, um alívio e um alerta. O alívio vem pela desaceleração frente a fevereiro, mas o alerta é justificado pela inflação acumulada no trimestre e pelos impactos visíveis no custo de vida da população.
Para o investidor, o cenário exige cautela e atenção às próximas leituras de inflação, que serão decisivas para os rumos da taxa Selic e da atividade econômica. Setores como varejo, transporte e alimentação podem sentir os reflexos dessa dinâmica nos próximos meses.