INSS paga benefícios com suspeitas de irregularidade que somam cerca de 1 milhão de casos mensais, segundo levantamento divulgado neste domingo (21). Apesar de uma redução no número de investigações entre 2023 e 2024, o impacto financeiro continua significativo: o prejuízo estimado aos cofres públicos pode chegar a R$ 15 bilhões por ano.
A informação foi publicada pelo jornal O Globo com base em dados obtidos junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O valor representa aproximadamente 1,5% do total de R$ 972 bilhões previstos para gastos da Previdência Social no Orçamento de 2025.
Esses benefícios considerados suspeitos são identificados pelo sistema MOB (Monitoramento Operacional de Benefícios), responsável por apontar inconsistências, indícios de fraude ou necessidade de revisão. O MOB recebe alertas de instituições como o TCU (Tribunal de Contas da União), a CGU (Controladoria Geral da União) e o setor de inteligência da própria Previdência Social.
INSS paga benefícios e corta quase 600 mil após análise
As análises históricas indicam que a maior parte dos benefícios sob suspeita é cancelada após verificação. Estimativas apontam que, dos 1 milhão de benefícios monitorados mensalmente, cerca de 578 mil são indevidos e podem ser anulados por irregularidade comprovada.
O volume é preocupante não apenas pelos recursos desviados, mas também pela capacidade limitada de processamento dos casos. Entre 2020 e 2021, o INSS implantou um sistema de bonificação para os servidores, que chegou a elevar a produtividade para 27.600 verificações mensais.
No entanto, esse número caiu pela metade entre 2023 e 2024, com apenas 13.800 casos analisados por mês. A redução coincidiu com o fim do sistema de bônus em dezembro de 2024. Diante do acúmulo de casos e da pressão política, o governo federal decidiu retomar a política de gratificação aos técnicos do órgão em 2025.
Prejuízos com fraudes desafiam a Previdência
O cenário reforça a necessidade urgente de modernização no processo de concessão e revisão de benefícios. Os R$ 15 bilhões anuais que podem estar sendo pagos de forma irregular pressionam ainda mais as contas da Previdência, especialmente em um contexto de envelhecimento populacional e déficits fiscais crescentes.
Além disso, o tema ganha relevância diante das discussões sobre a reforma administrativa e a necessidade de aumentar a eficiência da máquina pública sem onerar ainda mais os cofres do governo.
A resposta do governo
Para conter o avanço das fraudes, o INSS promete intensificar o uso de tecnologia, inteligência artificial e cruzamento de dados com outros órgãos. A reativação do sistema de bonificação também é vista como um incentivo para os servidores acelerarem as análises e reduzirem a fila de casos pendentes.
Por outro lado, analistas criticam a lentidão do governo em criar medidas estruturantes e definitivas para resolver o problema. Segundo especialistas, o foco deveria ser a automatização do controle preventivo, evitando que os benefícios fraudulentos sejam concedidos logo na origem.