As importações de soja pela China atingiram um novo recorde em maio, totalizando 13,92 milhões de toneladas, de acordo com dados da alfândega chinesa. O volume representa mais que o dobro das compras feitas em abril e reforça a dependência da China em relação ao Brasil como seu principal fornecedor da commodity.
A disparada nas compras ocorre em um contexto de relação comercial tensa entre China e Estados Unidos. Com temores de que novos desdobramentos na disputa entre as duas potências afetem o fornecimento global, tradings e processadoras chinesas correram para assegurar contratos com origem na América do Sul, especialmente o Brasil.
Brasil se consolida como principal fornecedor de soja para a China
Durante o mês de maio, o Brasil respondeu por uma fatia significativa das importações chinesas de soja. Apenas na primeira semana de abril, foram fechados contratos para cerca de 40 embarques partindo do Brasil — sinal claro de que os chineses estavam se antecipando a possíveis aumentos de tarifas sobre produtos norte-americanos.
Com isso, as importações de soja pela China não apenas bateram recorde, como também consolidaram o papel estratégico do Brasil na cadeia global do agronegócio. Apesar de esforços da China para diversificar seus fornecedores, os dados mostram que o grão brasileiro continua sendo o mais competitivo em preço e logística.
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Tensões comerciais entre China e EUA afetam o mercado de soja
As tensões entre Pequim e Washington continuam a influenciar as decisões de importação chinesas. Embora as duas potências tenham firmado uma trégua temporária em maio, em Genebra, sobretaxas sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo a soja, continuam em vigor.
As autoridades chinesas afirmaram que, mesmo com a redução nas compras dos EUA, o abastecimento de grãos no país segue garantido. Segundo um alto funcionário do órgão de planejamento estatal da China, o mercado global oferece substitutos suficientes e os estoques domésticos estão em níveis confortáveis.
Impactos no comércio global e perspectiva para os próximos meses
O aumento das importações de soja pela China tem implicações diretas no comércio agrícola global. O Brasil, que já se beneficiava da guerra comercial iniciada em 2018, volta a assumir protagonismo como fornecedor estratégico. Com o atual ritmo de compras, os embarques brasileiros devem seguir aquecidos, ao menos no curto prazo.
Do lado americano, há expectativa em torno das negociações comerciais retomadas nesta segunda-feira (9) em Londres. Se houver avanços significativos, é possível que Pequim flexibilize as tarifas remanescentes, o que poderia levar a uma redivisão de mercado entre EUA e Brasil.
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Oferta e demanda: o que esperar para o segundo semestre
O cenário de alta nas importações de soja pela China aponta para uma combinação de fatores geopolíticos e econômicos. Do ponto de vista da demanda, a recuperação gradual da economia chinesa pós-pandemia e a recomposição de estoques seguem impulsionando as compras externas.
Já pelo lado da oferta, o Brasil colhe benefícios logísticos e cambiais, mantendo a competitividade de sua soja frente ao produto norte-americano. Com a nova safra sendo escoada e contratos futuros firmados, analistas estimam que o país continuará liderando as exportações para a China ao longo do segundo semestre.