Os debates sobre as condições econômicas do Brasil no governo Lula 3 frequentemente trazem à tona comparações com os mandatos de Dilma Rousseff. Afinal, o Brasil ainda carrega as memórias de crises marcantes durante o governo Dilma, especialmente entre 2015 e 2016. No entanto, apesar de algumas semelhanças, há avanços notáveis e desafios específicos que diferenciam os dois momentos econômicos. Este artigo oferece um panorama detalhado sobre o desempenho econômico de Lula 3 em relação a Dilma 1 e 2, destacando indicadores como dívida pública, inflação, papel do BNDES e desempenho das estatais.
Dívida Pública: O Crescimento do Peso Relativo ao PIB
Um dos maiores desafios enfrentados pelo governo Lula 3 é a trajetória da dívida pública, que saltou de 53,7% do PIB em 2012 (Dilma 1) para 77,6% do PIB em 2024. Essa elevação é preocupante quando comparada ao cenário internacional, colocando o Brasil acima de economias como México (50%) e Chile (40%).
Enquanto Dilma enfrentou déficits primários severos (-1,9% do PIB em 2015), Lula 3 inicia seu governo com um déficit primário de -0,4%. Apesar de ser um número mais controlado, as projeções de aumento da dívida pública para 84% do PIB até 2026 criam apreensão no mercado. A necessidade de conter gastos e equilibrar as contas públicas torna-se essencial para evitar um novo ciclo de deterioração fiscal.
Inflação e Taxas de Juros: Situação Atual Mais Controlada
No governo Dilma, a inflação alcançou picos de 10,7% (2015), enquanto em Lula 3 os índices estão em torno de 4,7%, um patamar distante do ideal, mas mais próximo da meta de 3%. A estabilidade inflacionária oferece um alívio ao consumo e ao poder de compra da população, mas os juros ainda são uma preocupação.
Durante Dilma 2, a Selic chegou a 14,3% ao ano, o que impactou fortemente o crédito e o crescimento econômico. No atual governo Lula, a Selic está em 11,8%, um nível alto, mas que reflete a tentativa de manter a inflação controlada e atrair capital estrangeiro.
Crescimento Econômico e Mercado de Trabalho
Enquanto o PIB encolheu -3,6% em 2015, sob Dilma 2, a economia apresenta uma recuperação em Lula 3, com projeções de crescimento de 3,1% para 2024. Além disso, a taxa de desemprego caiu de 9,1% (Dilma 2) para 7,2% atualmente, mostrando avanços no mercado de trabalho.
Esse crescimento, embora moderado, é suportado por reformas estruturais realizadas nos últimos anos, como a reforma trabalhista de 2017, que aumentou a flexibilidade no mercado de trabalho. Contudo, a sustentabilidade desse crescimento dependerá de políticas fiscais sólidas e de um ambiente econômico favorável.
Papel do BNDES e das Empresas Estatais
Uma das principais diferenças entre os governos está no papel desempenhado pelo BNDES e pelas empresas estatais. Sob Dilma, o BNDES chegou a representar 10,2% do PIB em concessões de crédito (2012), enquanto em Lula 3 esse percentual caiu para 4,5%, refletindo um papel mais enxuto e maior participação dos mercados de capitais no financiamento de projetos.
Além disso, as estatais, como Petrobras e Banco do Brasil, apresentam melhor desempenho no governo atual. A Petrobras, por exemplo, reduziu seu índice de alavancagem de 4,7x (Dilma 2) para 0,9x (Lula 3), enquanto o Banco do Brasil e a Caixa Econômica registram lucros recordes de R$ 14,4 bilhões e R$ 10,6 bilhões, respectivamente.
Desafios para Sustentar a Economia
Apesar das melhorias, o governo Lula 3 enfrenta desafios significativos, principalmente no controle de gastos públicos. Medidas como o novo arcabouço fiscal e o teto de gastos de 2,5% são passos importantes, mas o mercado ainda precisa de sinais claros de compromisso com a sustentabilidade fiscal.
Outro ponto crítico é a atratividade do Brasil para investidores internacionais. Embora os lucros corporativos tenham superado as expectativas, a trajetória da dívida pública e os altos custos de financiamento podem afetar a percepção de risco do país.
Conclusão do comparativo entre o governo Lula 3 e Dilma 1 e 2
O comparativo entre os governos Lula 3 e Dilma 1 e 2 mostra um cenário de avanços, mas com desafios evidentes. Enquanto indicadores como inflação, crescimento econômico e saúde das estatais estão em melhores condições, a dívida pública e a necessidade de ajustes fiscais continuam sendo grandes obstáculos.
O Brasil tem agora a oportunidade de consolidar uma trajetória mais sustentável, aproveitando o aprendizado dos erros do passado. Para investidores e agentes econômicos, a atenção às políticas fiscais e ao cenário internacional será crucial nos próximos anos.
Os dados foram retirados de relatório produzidos pelo BTG Research que podem ser conferidos aqui.