O Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos elevou os juros em 0,25% nesta quarta-feira (26), sinalizando a necessidade de manter a pressão sobre a inflação elevada.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), o braço responsável por definir a política monetária do Fed, elevou a taxa de juros de referência para uma faixa entre 5,25% e 5,5%.
A decisão de voltar à mesa de alta dos juros segue dados recentes que mostraram que a economia americana cresceu mais do que o esperado no primeiro trimestre, o mercado de trabalho arrefeceu em junho e a inflação desacelerou mais do que o esperado.
Os recentes sinais de força da economia americana levaram o staff do Fed, que produz suas próprias previsões de forma independente das projeções dos participantes do Fomc, a abandonar a projeção de que o país entrará em recessão este ano.
“O staff do Fed agora tem uma projeção de crescimento mais lento no final deste ano, mas, dado a resiliência da economia recentemente, eles não estão mais prevendo uma recessão”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa após a decisão de política monetária.
O índice de preços ao consumidor (CPI) de núcleo, que exclui os preços de alimentos e energia e é considerado um indicador mais preciso da inflação, subiu 0,3% em maio, após um aumento de 0,4% em abril. A taxa anual de inflação de núcleo também desacelerou para 4,6% em maio, de 4,7% em abril.
A grande dúvida: a desinflação é transitória ou permanente?
Em um sinal de que o Fed não está pronto para declarar vitória sobre a inflação, Powell disse que os dados que mostram uma desaceleração da inflação em junho são bem-vindos, mas que se trata de “apenas um relatório de um mês”.
“Esperamos que a inflação siga um caminho mais baixo, de acordo com a leitura do CPI de junho”, disse ele. “Mas não sabemos isso e vamos precisar ver mais dados.”
Enquanto a inflação continua acima da meta de 2% do Fed, há um debate sobre se os recentes sinais de desaceleração dos preços, ou desinflação, podem persistir ou se são apenas temporários.
Os que acreditam que a desinflação é transitória apontam para os preços dos serviços, que são mais voláteis do que os preços dos bens, e para o fato de que o mercado de trabalho americano continua forte, com os salários reais subindo pela primeira vez desde março de 2021.
“Em contraste com a estabilização dos preços dos bens, a inflação dos serviços tem sido muito mais persistente”, disse o Jefferies em uma nota recente. “Os fabricantes viram o pico dos seus custos de insumos, mas as empresas do setor de serviços continuam a lidar com custos de mão de obra mais altos.”
Outros, no entanto, acreditam que a desinflação é aqui para ficar e que provavelmente forçará o Fed a rebaixar suas projeções de inflação.
“A inflação de núcleo do PCE está abaixo das projeções do Fed”, disse o Morgan Stanley em uma nota recente. “Isso provavelmente levará a um rebaixamento das projeções de inflação do Fed na reunião de setembro.”
Em um sinal de que o Fed não está pronto para declarar vitória sobre a inflação, Powell disse nesta quarta-feira que os dados que mostram uma desaceleração da inflação em junho são bem-vindos, mas que se trata de “apenas um relatório de um mês”.
O próximo passo do Fed dependerá dos dados
Este debate deve continuar nos próximos meses e ditar as expectativas sobre se o Fed seguirá com sua projeção de uma alta de juros adicional na reunião de setembro, quando retornar do recesso de verão.
Por ora, o Fed disse que permanecerá vigilante sobre os dados econômicos para “avaliar a postura apropriada da política monetária”.
A taxa real do Fed, que ajusta os juros para as expectativas de inflação de curto prazo, está agora em “um território significativamente positivo”, disse Powell, acrescentando que ele continua a acreditar que os Estados Unidos podem evitar uma recessão.