A economia argentina deve crescer 4,5% em 2025, segundo uma pesquisa de expectativas de mercado do banco central, o que representa um sinal de esperança após anos de recessão e inflação galopante. O país, que registrou inflação anual acima de 300% em abril de 2024, tem agora uma previsão mais otimista, com projeções indicando uma taxa de inflação de dois dígitos ao final de 2025, em torno de 25,9%. Este cenário reflete os primeiros efeitos das políticas econômicas inovadoras pelo governo atual, que priorizaram ajustes fiscais e renegociações de dívida para estabilizar a economia.
A recuperação da economia argentina, mesmo após longos períodos de retração, é um indicativo do potencial de crescimento da segunda maior economia da América do Sul. No terceiro trimestre de 2024, o PIB registrou um crescimento de 3,9% em relação ao trimestre anterior, marcando a primeira expansão significativa desde a recessão técnica do final de 2023. Os analistas acreditam que a tendência de crescimento de 1% prevista para o O primeiro semestre de 2025 pode acelerar para 4,5% ao longo do ano, a exploração por exportações fortalecidas e uma recuperação gradual do consumo interno.
Outro ponto importante é a estimativa de que o peso argentino terminará 2025 em 1.205 pesos por dólar, o que demonstra um controle mais firme sobre a desvalorização da moeda. No entanto, o governo ainda enfrenta grandes desafios, como a necessidade de manter um superávit fiscal primário estimado em 11,2 trilhões de pesos (US$ 10,8 bilhões), o que será fundamental para manter a confiança dos investidores.
Queda do Índice de Risco-País e a Conquista da Estabilidade
A recente queda do índice de risco-país da Argentina para 561 pontos reflete o crescente otimismo no mercado financeiro sob a gestão do presidente Javier Milei. Este índice, que mede o diferencial de rendimento entre os títulos argentinos e a dívida soberana dos Estados Unidos, já ultrapassou 600 pontos recentemente, mas agora registra seu menor nível desde 2018. A redução desse indicador é um marco importante para o governo argentino, que tenta reconstruir sua preferência perante investidores locais e internacionais.
A queda observada no início de janeiro foi parcialmente atribuída a ajustes técnicos relacionados aos pagamentos de títulos “Bonares” e “Globales”, com um montante de US$ 4,3 bilhões em amortizações e juros. Contudo, os analistas afirmam que o otimismo dos mercados também foi impulsionado pela melhoria da balança comercial e pelas reservas internacionais. Em novembro de 2024, a Argentina registrou seu 12º superávit mensal consecutivo, o que fortaleceu a posição financeira do país e indicou um possível reequilíbrio econômico.
As medidas recentes do governo, como o acordo de recompra de US$ 1 bilhão com bancos estrangeiros e as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), também desenvolveram para a redução do risco-país. Essas ações sinalizaram aos mercados financeiros que a Argentina está comprometida em honrar suas obrigações financeiras e implementar reformas estruturais para conter a inflação e controlar os gastos públicos.
Felipe Nunez, economista do Tesouro, destacou nas redes sociais que o ajuste observado no índice de risco foi um “descompasso técnico” e não um sinal de atração econômica. Esse posicionamento oficial reforçou a percepção de que a queda foi pontual e não indicava uma fragilidade maior. Por outro lado, economistas como Nicolas Merino, do grupo ABC Mercados de Câmbio, apontam que a recuperação económica também depende da manutenção de políticas fiscais responsáveis e do controlo do câmbio para evitar novas crises cambiais.
Expectativas para 2025: Um Ano Decisivo para a Economia Argentina
Com uma previsão de crescimento econômico de 4,5%, a Argentina poderá consolidar seu caminho para uma recuperação sustentável em 2025. A combinação de superávits comerciais, ajuste fiscal e controle da inflação cria um cenário mais promissor do que nos anos anteriores. No entanto, a economia ainda enfrenta riscos, como a instabilidade política e possíveis choques externos que podem afetar os preços das commodities, essenciais para as exportações do país.
A redução do índice de risco-país e a queda da inflação são conquistas relevantes, mas precisam ser sustentadas por reformas de longo prazo. O governo argentino deve continuar promovendo políticas que fortaleçam a confiança dos investidores e incentivem o crescimento do setor produtivo. Além disso, a renegociação das dívidas externas e os acordos com o FMI serão cruciais para garantir a estabilidade económica.
A expectativa de que o peso argentino chegue a 1.205 pesos por dólar em 2025 indica que ainda há espaço para melhorias na política cambial. Para muitos analistas, a continuidade da recuperação econômica dependerá da capacidade do governo de manter a disciplina fiscal e estimular a economia sem gerar novos desequilíbrios.
Em resumo, a economia argentina deverá crescer de forma significativa em 2025, mas a sustentabilidade desse crescimento dependerá de políticas econômicas consistentes e da manutenção de um ambiente favorável para investimentos. O controle da inflação e a redução do risco-país são passos importantes, mas o desafio de evitar novos ciclos de crise permanece.
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