A Bolsa de Valores da Argentina, representada pelo índice S&P Merval, encerrou 2024 com uma valorização impressionante de 114,91% em dólares , marcando seu melhor desempenho em 20 anos, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta. O resultado é o maior desde 2003, quando a bolsa argentina subiu 134,14% em meio a uma recuperação pós-crise.
O desempenho argentino contrasta com a queda do Ibovespa , principal índice da Bolsa brasileira, que rendeu 29,92% em dólares , encerrando o ano com seu pior desempenho desde 2015, ano que antecedeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Bolsa da Argentina tem maior desempenho: Fatores
O forte crescimento do índice Merval em 2024 está diretamente relacionado às medidas econômicas adotadas pelo novo presidente Javier Milei , que assumiu a carga em meio a uma agenda de reformas liberais e promessas de controle fiscal. Entre os destaques estão:
- Ajustes nas taxas cambiais : O governo define novas diretrizes para estabilizar o mercado cambial, garantindo melhores condições para investidores estrangeiros.
- Aumento de atraso : Após anos de hiperinflação, o salário médio quase dobrou, atingiu US$ 990 .
- Valorização do peso argentino : A moeda local registrada alta de 44,2% em relação às principais moedas internacionais, de acordo com dados do Bank of International Settlements.
Além disso, o governo introduziu políticas que aumentaram a confiança do mercado, embora a estabilidade de longo prazo ainda dependa de melhorias nas reservas internacionais do país, que seguem sob pressão devido ao alto custo de manter o câmbio valorizado.
O cenário do Ibovespa em 2024
Enquanto a Argentina registrou ganhos históricos, o Ibovespa sofreu uma forte retração. A desvalorização de quase 30% em dólares reflete não apenas o desempenho fraco das empresas envolvidas, mas também a intensa valorização do dólar frente ao real, que recuperou 10,36% no ano.
Entre os principais fatores que evoluíram para o declínio do índice brasileiro estão:
- Incertezas fiscais : A política fiscal expansionista e a falta de medidas mais assertivas para controlar os gastos públicos aumentaram a percepção de risco entre os investidores.
- Cenário internacional desfavorável : O mercado brasileiro foi impactado pela possibilidade de novas tarifas comerciais pelo governo dos EUA, sob a gestão de Donald Trump, que prometeu políticas protecionistas mais rígidas.
- Instabilidade política regional : Além do Brasil, outras bolsas da América Latina, como o IPyC (México) e o IPSA (Chile), também registraram resultados negativos, reforçando o clima de cautela na região.
Destaques internacionais: mercados europeus em alta
Embora as bolsas latino-americanas tenham enfrentado um ano de desafio, algumas praças europeias registraram resultados positivos em dólares:
- Alemanha (DAX) : Alta de 12,55%
- Bélgica : Ganho de 9,03%
- França (CAC 40) : Queda de 7,32%
- Portugal (PSI) : Queda de 5,49%
O mercado europeu se beneficiou de um crescimento econômico moderado e políticas monetárias resultados, embora algumas economias ainda enfrentem desafios inflacionários e de crescimento.
Impactos no mercado de câmbio
A valorização do peso argentino em mais de 44% reforça a relevância da política cambial no cenário econômico. Entretanto, os especialistas alertam que a manutenção dessa valorização dependerá de um reforço nas reservas do Banco Central da Argentina, que segue pressionados para garantir a estabilidade da moeda sem comprometer ainda mais as finanças públicas.
Por outro lado, o real brasileiro continua vulnerável, com analistas apontando para possíveis desvalorizações adicionais caso o cenário fiscal não apresente melhorias significativas em 2025.
Perspectivas para 2025
Com o grupo de Javier Milei e sua equipe econômica, o mercado argentino espera um ambiente de maior abertura e controle inflacionário. No entanto, os desafios permanecem, especialmente em relação ao fortalecimento das reservas cambiais e à implementação de reformas estruturais.
A Bolsa da Argentina foi o grande destaque do mercado global em 2024, com uma valorização histórica impulsionada por mudanças econômicas e políticas. Enquanto isso, o Ibovespa registrou seu pior desempenho em quase uma década, refletindo as incertezas internas e externas.
O cenário para 2025 dependerá da capacidade dos países na implementação de políticas que promovam a confiança dos investidores e garantam um ambiente econômico estável. O mercado segue atento às próximas movimentações, principalmente em relação às medidas econômicas adotadas na América Latina e às decisões de política externa dos EUA.
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