O impacto da volatilidade nas commodities
O cenário global das commodities no segundo semestre de 2024 é desafiador, com um panorama marcado por uma série de pressões que continuam a influenciar os mercados globais. Segundo a análise do BTG Pactual, a desaceleração do setor imobiliário chinês, a crescente capacidade industrial e siderúrgica e o fortalecimento do dólar estão entre os principais fatores que pressionam o desempenho das commodities este ano. O relatório aponta que metais como ferro, aço, e carvão metalúrgico tiveram quedas de 20% a 30% no acumulado do ano, refletindo a contração contínua na demanda chinesa.
Além disso, a deflação da bolha do mercado imobiliário chinês afetou diretamente os metais básicos, que, apesar de apresentarem limitações no lado da oferta, continuam abaixo da média em termos de demanda real. A celulose também enfrenta correções de preços significativas, pressionada por novos projetos que adicionam capacidade ao mercado. Contudo, o cobre, apesar dos desafios de oferta, ainda mantém um panorama de longo prazo positivo, graças aos graves desafios no lado da produção.
Minério de ferro e a instabilidade do setor
O minério de ferro, uma das principais commodities da economia global, enfrentou uma queda substancial de preço, com a tonelada sendo negociada a US$ 110 em 2024, com expectativa de queda para US$ 80 nos próximos anos. O mercado global enfrenta um pequeno excedente de 20 a 40 milhões de toneladas, mas esse número pode aumentar, dependendo da desaceleração da demanda chinesa. Além disso, os projetos de expansão como o Simandou podem adicionar uma quantidade significativa de oferta até 2027, o que aumentaria o desequilíbrio no mercado.
A produção chinesa de aço, que responde por uma parte significativa da demanda por minério de ferro, também está diminuindo, com um recuo de 1% esperado para 2024/2025. O mercado imobiliário chinês, que historicamente consumia grandes quantidades de aço, continua em declínio, com novas construções caindo drasticamente. Ao mesmo tempo, as exportações chinesas de aço aumentaram, ampliando a oferta nos mercados internacionais e pressionando os preços globais do aço.
Perspectivas do setor siderúrgico
O setor siderúrgico enfrenta grandes desafios, com a maioria das siderúrgicas globais relatando margens apertadas e uma dinâmica fraca de lucros. A Gerdau (GGBR4), uma das principais empresas do setor no Brasil, apesar de apresentar múltiplos atraentes, continua lidando com excesso de capacidade e uma demanda global enfraquecida. A perspectiva de lucros para o setor permanece incerta, com analistas recomendando cautela, especialmente diante de um cenário onde os preços do aço continuam sob pressão.
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Nos Estados Unidos, os preços de aço plano, que haviam atingido o fundo do poço, começam a se recuperar, com prazos de entrega mais curtos e maior demanda. No entanto, o setor siderúrgico chinês, maior consumidor global de aço, continua em declínio, o que impede uma recuperação sólida nos preços globais. A combinação de altos custos de matérias-primas, regulamentações ambientais rigorosas e excesso de oferta continua a pressionar as margens de lucro das empresas.
O papel da celulose no mercado global
A celulose, outro componente importante das commodities, enfrenta uma correção de preços significativa devido ao aumento da capacidade global de produção. Projetos como o Cerrado no Brasil e a Liansheng na China devem adicionar cerca de 4 milhões de toneladas anuais ao mercado nos próximos 12 meses, impactando negativamente os preços. A Suzano (SUZB3), uma das maiores produtoras de celulose do mundo, enfrenta desafios em manter seus preços, mas continua otimista quanto ao potencial de geração de caixa livre nos próximos anos.
A demanda por papel, um dos principais produtos derivados da celulose, também está sob pressão, especialmente na China, onde a desaceleração econômica afeta o consumo. No entanto, a Klabin (KLBN11), outra gigante do setor no Brasil, continua se beneficiando de um crescimento sólido em seus projetos de expansão, com margens elevadas e uma demanda crescente por produtos sustentáveis, como embalagens de papel.
Cobre: a commodity da transição energética
O cobre, amplamente utilizado na infraestrutura de energias renováveis e veículos elétricos, continua sendo uma commodity estratégica, com uma demanda crescente impulsionada pela transição energética global. No entanto, o mercado de cobre enfrenta desafios de curto prazo devido ao excesso de oferta esperado nos próximos anos. Projetos de expansão em países como o Chile e o Peru devem aumentar significativamente a oferta, pressionando os preços da commodity.
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Apesar disso, o longo prazo para o cobre continua promissor. A crescente demanda por tecnologias verdes, como veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares, deve sustentar o consumo da commodity nas próximas décadas. As restrições no lado da oferta, especialmente em países com processos de licenciamento complexos, como o Chile, também devem contribuir para manter os preços do cobre elevados a longo prazo.