De Moído a Milionário: A bebida matinal que sobe mais rápido que a inflação

De Moído a Milionário: A bebida matinal que sobe mais rápido que a inflação

O preço do café acumulou alta de 22,66% nos últimos 12 meses, impactando diretamente o bolso dos brasileiros. O produto segue o caminho do azeite, que já subiu mais de 38%.

Nos últimos 12 meses, o café moído registrou uma alta de 22,66% , de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) . Em 2024, a prosperidade foi ainda maior, alcançando 24,93% . Para os brasileiros, o café tradicional está pesando mais no bolso e, para muitos, a situação lembra a escalada dos preços do azeite , que acumula inflação de 38,68% no mesmo período.

Antônio Sampaio , sócio da Panificação 3 Graças , localizado no centro do Rio de Janeiro, vê esse impacto rapidamente. “Não temos margem para absorver esse tipo de aumento. Se o preço continuar subindo, não haverá outra saída a não ser repassado o custo ao consumidor”, afirma. Segundo ele, o café está se tornando o “novo azeite”, com aumentos gradativos que já afetam o comércio e, em breve, o consumidor final.


Pressão de Preços Não é Exclusiva do Brasil

O aumento do preço do café não é exclusivamente brasileiro. De acordo com Matheus Dias , economista do FGV Ibre , diversos fatores estão elevando os custos do café, tanto no Brasil quanto no exterior. “Nos últimos anos, o café sofreu ataques climáticos severos, como secos prolongados, que prejudicaram a produção no Brasil, principal produtor mundial”, explica.

Além do impacto climático, a redução dos estoques globais nos países que importam o café brasileiro também exerce pressão sobre os preços. Com a oferta limitada, o custo tanto para exportação quanto para o mercado interno, agravando a situação.

 

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Alta Refletida no Consumo Doméstico

Os efeitos dessa alta já são percebidos pelos consumidores, inclusive no café caseiro . De acordo com um levantamento feito pela Horus , solução da empresa de software Neogrid , o preço do café em pó subiu 11,7% entre setembro de 2023 e setembro de 2024. O café em grãos, por sua vez, teve uma alta de 6 ,6% no mesmo período.

Entre janeiro e setembro de 2024, o café em pó sofreu um reajuste ainda mais acentuado, com alta de 22,8% , enquanto a versão em grãos subiu 9,6% . A head de Customer Success e Insights da Neogrid , Anna Carolina Fercher , destaca que, apesar do café ser um produto majoritariamente produzido no Brasil, ele é negociado para exportação, ou que pressiona o mercado interno.


Dificuldade de Substituição no Consumo Diário

Diferente de outros produtos que podem ser substituídos por alternativas mais acessíveis, o café ocupa um espaço especial no cotidiano dos brasileiros. “O preço está subindo, mas eu não consigo ficar sem”, conta o comerciante Anibal Olival , que mantém o hábito de tomar um cafezinho antes de sair de casa. Ele ressalta que, se os preços continuarem subindo, sua estratégia será procurar promoções.

O mecânico Marcelo Dutra , de 44 anos, também vê a situação com preocupação. “A solução é buscar promoções, mas colocar água no café para tornar não aceitável”, diz.


Comerciantes Tentam Segurar os Preços

A alta dos preços do café tem sido um desafio para os comerciantes, que tentam evitar repassar esses custos para os clientes. Na lanchonete Fikaaki , o proprietário Felipe Neves mantém o preço do café em R$ 3,50 , enquanto outros lugares já cobram R$ 4,00 . “Estamos tentando segurar o valor, mas se os preços continuarem subindo, não vamos conseguir manter por muito tempo”, admite Francisco Ribeiro , pai de Felipe.

Na Queridinha Café , a estratégia foi reduzir custos operacionais. O sócio Reginaldo Teles conta que precisou devolver a máquina de mais café por conta da alta do produto em grãos. “Antes, pagamos cerca de R$ 180 pelo saco de café em grãos, mas agora custamos R$ 350. Passamos a usar o café já moído, pois não temos margem para trabalhar com o grão”, explica.

 

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Impactos do Mercado Externo e do Clima

A alta do café é influenciada por fatores como o clima e a cotação do dólar , já que o preço do produto é diretamente relacionado à moeda americana. Além disso, o Brasil, mesmo sendo o maior produtor mundial, enfrenta desafios climáticos que afetam a produtividade. Queimadas em regiões cafeeiras, como Pedregulho e Altinópolis , no interior de São Paulo, devastaram áreas produtivas, impactando o preço.

No Vietnã , o segundo maior produtor de café do mundo, uma seca histórica seguida por um tufão também comprometeu parte da produção, elevando ainda mais os custos no mercado global.

De acordo com Patrícia Lino Costa , supervisora ​​de preços do Dieese , o aumento no preço do café é nacional e afeta todas as cidades. “O ciclo natural do café também influencia. A cada dois anos, a produtividade é menor, e isso reflete diretamente no preço final”, destaca.


O Mercado Global e a Demanda Crescente

A demanda global por café continua em expansão, especialmente em mercados asiáticos, como a China , onde o consumo de café vem crescendo rapidamente. O presidente da cooperativa mineira , José Marcos Rafael Magalhães , aponta que, na Ásia, o café está se tornando uma bebida complementar ao chá, o que representa uma mudança importante no consumo global e gera pressão adicional sobre os preços .

“Com a demanda global em alta e a oferta prejudicada, o Brasil e outros grandes produtores estão enfrentando um cenário de preços elevados, que devem continuar pressionando o mercado nos próximos meses”, afirma Magalhães.


Panorâma geral

Com uma alta acumulada de 22,66% nos últimos 12 meses, o café se tornou um item que pesa cada vez mais no orçamento dos brasileiros. Seja no consumo doméstico ou nas cafeterias, os impactos dessa elevação já estão sendo sentidos, com comerciantes tentando evitar repasses e consumidores buscando promoções para continuar com o hábito de tomar café.

A combinação de mudanças climáticas , exportações e a demanda global crescente para a escalada nos preços, tornando o café um produto cada vez mais caro e, para muitos, tão difícil de substituir quanto ao azeite.

 

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