O IPCA de abril 2025 mostrou mais uma vez que o desafio da inflação no Brasil está longe de ser superado. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (10), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo avançou 0,43% no mês, após uma alta de 0,56% em março. Com isso, o IPCA de abril acumula uma elevação de 5,53% nos últimos 12 meses — índice que segue distante da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Alimentos continuam sendo vilões da inflação
O maior impacto no IPCA de abril 2025 veio, mais uma vez, do grupo Alimentação e Bebidas, que avançou 0,82% no mês. Ainda que essa seja uma desaceleração frente ao aumento de 1,17% em março, a categoria continua sendo a de maior peso no cálculo da inflação.
Os alimentos para consumo em casa subiram 0,83%, enquanto a alimentação fora do lar aumentou 0,80%. Destaques negativos incluem batata-inglesa (+18,29%), tomate (+14,32%), café moído (+4,48%) e lanche (+1,38%). O gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, ressaltou que o índice de difusão no grupo aumentou de 55% para 70%, mostrando que mais itens apresentaram alta de preços.
Saúde também pesa no bolso do brasileiro
Outro destaque do IPCA de abril foi o grupo Saúde e Cuidados Pessoais, que subiu 1,18% e teve o segundo maior impacto sobre o índice. O aumento foi puxado principalmente pelos produtos farmacêuticos, que subiram 2,32%, após o reajuste autorizado de até 5,09% no final de março.
Essa alta em remédios se soma à pressão já exercida pelos alimentos, tornando o cenário da inflação ainda mais difícil de contornar — especialmente para as famílias de renda mais baixa, que comprometem uma fatia significativa de sua renda com esses dois grupos.
Alívio parcial nos transportes
Por outro lado, o grupo Transportes registrou deflação de 0,38% em abril, puxado pela queda nas passagens aéreas (-14,15%) e nos combustíveis (-0,45%). Essa desaceleração ajudou a conter uma alta maior do IPCA de abril 2025, mas o efeito foi limitado, já que os demais grupos mantiveram forte pressão sobre os preços.
Inflação de serviços e o impacto da Selic
A inflação de serviços também deu uma trégua, passando de 0,62% em março para 0,20% em abril, ainda sob o efeito da queda nas passagens aéreas. Mesmo assim, o acumulado de 12 meses chega a 6,03%, acima do IPCA geral e indicando uma pressão persistente nessa categoria.
Em resposta ao cenário inflacionário, o Banco Central elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, reforçando a necessidade de manter juros altos por mais tempo. A expectativa agora recai sobre a próxima reunião do Copom, em junho, que dependerá de novos dados como o IPCA de abril 2025 para definir os próximos passos.
IPCA de abril 2025: Expectativas e desafios
A Pesquisa Focus mais recente mostra que o mercado espera que a inflação termine o ano em 5,53%, exatamente o número atual acumulado em 12 meses. A projeção para a Selic também foi mantida em 14,75%, sugerindo que o ciclo de aperto monetário pode estar se aproximando do fim — embora ainda haja incertezas, especialmente com a inflação de serviços e alimentos ainda pressionando.
Com um mercado de trabalho aquecido e o real mais fraco diante do dólar, o Banco Central segue enfrentando um cenário difícil. Além disso, fatores externos como a política tarifária dos EUA sob o governo Trump adicionam riscos ao panorama inflacionário. Em meio a tantas variáveis, o IPCA de abril 2025 funciona como um termômetro que mostra a temperatura elevada dos preços — e um lembrete de que o caminho para a meta ainda é longo.