O mercado financeiro já havia levantado sinais de alerta sobre uma possível alta nos juros brasileiros até o final de 2024, principalmente após as recentes declarações de Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central (BC), sugerindo a necessidade de um novo ciclo de aperto monetário. Agora, essa visão foi reforçada pelo Boletim Focus, uma publicação semanal do Banco Central que compila as perspectivas de economistas do mercado.
Pela primeira vez em 11 semanas, as expectativas do mercado financeiro para a Selic mudaram, indicando um aumento da taxa de juros para 11,25% ao ano até o fim de 2024. Anteriormente, a expectativa era de 10,5% ao ano, e esse novo ajuste representa uma alta de 0,75 ponto percentual. Para 2025, a previsão também foi revisada de 10,0% para 10,25%.
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Inflação e Expectativas Fiscais
Esse aumento projetado da Selic reflete uma percepção de piora na inflação para o final de 2024, que subiu de 4,20% para 4,30%, ainda dentro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que varia de 2,5% a 4,5%, mas distante do centro da meta de 3,0% do BC. Segundo o Goldman Sachs, essa revisão reflete o temor de que o governo não atinja suas metas fiscais, o que pressiona as expectativas inflacionárias de médio prazo. Além disso, o banco estima que o déficit fiscal do governo central possa atingir 7,40% do PIB em 2024 e 6,75% em 2025.
O Déficit Fiscal em Foco
Dados recentes compilados pelo BTG Pactual indicam que o governo central registrou um déficit primário de R$ 22,1 bilhões em agosto. Embora a arrecadação federal continue robusta, as receitas fiscais tendem a ficar abaixo das expectativas do mercado. Para lidar com essa realidade, o governo pode ser forçado a realizar um novo bloqueio orçamentário de R$ 10 bilhões. No entanto, essa medida enfrenta obstáculos, dado o aumento dos gastos com aposentadorias, o funcionalismo público, e o auxílio emergencial direcionado à crise no Rio Grande do Sul.
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Possíveis Fontes de Alívio para o Governo
Apesar do cenário desafiador, os analistas do BTG Pactual sugerem que o governo pode se beneficiar de um ciclo de economia mais aquecido no fim do ano, além de contar com os dividendos do BNDES e da Petrobras (PETR4) como potenciais fontes de receita. Esses fatores podem ajudar a suavizar as pressões fiscais e, consequentemente, aliviar a necessidade de ajustes mais severos na política monetária.
Crescimento Econômico em Alta
Um ponto positivo no Boletim Focus foi a revisão da projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. A expectativa de expansão econômica subiu de 2,20% para 2,68% nas últimas quatro semanas, um indicativo de que a atividade econômica está mais robusta. Para 2025, a expectativa de crescimento se manteve estável, em torno de 1,90%, sinalizando um cenário mais estável no médio prazo.
Esses dados refletem o momento delicado da economia brasileira, onde o governo busca equilibrar suas contas e o Banco Central lida com as expectativas inflacionárias e a possibilidade de um novo ciclo de alta dos juros.
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