Uma recente pesquisa aponta que o Congresso Nacional Africano (ANC) na África do Sul está em vias de perder sua maioria parlamentar pela primeira vez em três décadas, desde a ascensão de Nelson Mandela ao poder com o fim do apartheid. Este resultado, revelado pelo estudo conduzido pela Fundação Brenthurst e pelo Grupo de Estratégia SABI, sugere uma potencial mudança para um governo de coalizão.
Os sul-africanos estão programados para comparecer às urnas em 29 de maio para eleger uma nova Assembleia Nacional, responsável por selecionar o próximo presidente do país.
Os dados obtidos em fevereiro indicam um apoio ao ANC em torno de 39%, uma queda em relação aos 41% registrados em outubro e aos 44% em novembro de 2022. A pesquisa considerou uma participação eleitoral de 66%, refletindo os números das últimas eleições gerais de 2019, quando o ANC conquistou mais de 57% dos votos.
Uma projeção inferior a 50% em maio implicaria que o antigo movimento de libertação teria que formar uma coalizão com partidos menores para governar o país. Essa perspectiva contrasta com o desempenho histórico do ANC em 2004, sob a liderança de Thabo Mbeki, quando obteve quase 70% dos votos.
A reputação do ANC foi prejudicada ao longo da última década devido à estagnação econômica, aumento do desemprego e escândalos de corrupção envolvendo membros proeminentes do partido.
O atual líder, o presidente Cyril Ramaphosa, tem tentado restaurar a imagem do partido e revitalizar a economia desde que sucedeu Jacob Zuma em 2018, mas enfrenta desafios significativos nesse sentido.
Os frequentes cortes de energia, agora uma parte comum da vida cotidiana, são sintomáticos do histórico deficiente do ANC na prestação de serviços básicos.
Ramaphosa afirmou no mês passado que o ANC se comprometeria a enfrentar os desafios do país, caso saísse vitorioso nas eleições.
A pesquisa revelou que mais de três quartos dos entrevistados estariam satisfeitos com um governo de coalizão.
Além disso, o apoio ao maior partido de oposição, a Aliança Democrática, aumentou para 27%, em comparação com os 23% registrados na pesquisa anterior em outubro, enquanto o partido de extrema esquerda Combatentes pela Liberdade Econômica viu uma queda de 17% para 10%.
O apoio ao recém-formado partido uMkhonto weSizwe, apoiado por Zuma, foi estimado em 13%.
A pesquisa, realizada por telefone, foi representativa em nível nacional e direcionada apenas a eleitores registrados, com uma margem de erro de 3% e um nível de confiança de 95%.
Vale ressaltar que a Fundação Brenthurst foi estabelecida pelos Oppenheimers, herdeiros da fortuna da empresa de diamantes De Beers.