BBAS3 sobe 20% desde mínima do ano; medidas do governo podem sustentar alta?

BBAS3 já acumula alta de 20% desde agosto após medidas do governo para renegociação de dívidas e flexibilização de regras do CMN.
BBAS3

As ações do Banco do Brasil (BBAS3) vêm recuperando parte do terreno perdido em 2025. Depois de atingirem a mínima do ano em 1º de agosto, cotadas a R$ 18,35, os papéis acumulam valorização superior a 20% e voltaram ao radar dos . O movimento é sustentado por uma combinação de medidas do federal, mudanças regulatórias e perspectivas de alívio contábil para o banco estatal. Mas a dúvida persiste: essa alta tem fôlego para continuar?


Medidas do governo aliviam pressão sobre o agro

No dia 5 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma Medida Provisória (MP) que libera R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas de produtores rurais afetados por problemas climáticos. A iniciativa se soma a uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), publicada dias antes, que flexibilizou os critérios de cura de créditos em atraso.

Publicidade: Banner Header – Meio do post

Segundo analistas do , as duas medidas afetam diretamente o tratamento contábil do banco e podem abrir caminho para uma recuperação gradual da rentabilidade do , setor que concentra grande parte da carteira do BB.

De acordo com a MP, produtores poderão renegociar dívidas em condições mais favoráveis. Já a resolução CMN nº 5.244/2025 corrige distorções da antiga regra nº 4.966, que penalizava operações de longo prazo, como empréstimos com parcelas semestrais ou anuais. Agora, basta o produtor demonstrar capacidade de pagamento por 90 dias para que o seja reclassificado do Estágio 3 (perda de valor) para o Estágio 2, permitindo o reconhecimento de juros.


Impacto imediato no balanço da BBAS3

Na divulgação dos do 2º trimestre de 2025, o Banco do Brasil revelou que 34,6% das operações em Estágio 3 (R$ 32,2 bilhões) não estavam efetivamente inadimplentes. Grande parte eram contratos “bullet”, com pagamentos concentrados no vencimento.

Segundo o BTG Pactual, a nova regra permitirá que esses créditos sejam reclassificados, destravando o reconhecimento de receitas. A estimativa é que as medidas possam adicionar R$ 1,5 bilhão ao lucro líquido de 2026, além de reduzir provisões já a partir do quarto trimestre de 2025.

A instrução normativa do , publicada em julho, também contribui para esse cenário. Ela estabeleceu que renegociações amparadas por decisões do CMN não precisam ser classificadas automaticamente como reestruturações de crédito em Estágio 3, o que reforça a visão de menor pressão sobre provisões e maior previsibilidade de receitas.


BBAS3 na B3: desempenho das ações em 2025

A recuperação recente é significativa. Em setembro, até o dia 11, BBAS3 já acumulava alta de 3,79%, após avanço de 8,58% em agosto. Apesar disso, as ações ainda estão distantes da máxima do ano, de R$ 29,22, registrada em 14 de maio, pouco antes da divulgação do balanço do 1º trimestre, que ficou aquém das expectativas do mercado.

Por volta das 10h35 desta quinta-feira (11), os papéis subiam 0,68%, cotados a R$ 22,20. Mesmo em recuperação, o desempenho do ano ainda é considerado frágil frente às incertezas estruturais no crédito rural e ao risco crescente em operações com pessoas físicas e pequenas e médias empresas.


O que dizem os analistas sobre BBAS3

O Safra reconhece que as medidas recentes oferecem alívio contábil de curto prazo para o banco, mas alerta que o problema estrutural de inadimplência no agronegócio não foi resolvido. O setor segue bastante alavancado, o que mantém o risco elevado.

O BTG Pactual tem avaliação semelhante: embora as novas regras melhorem o reconhecimento de receitas e tragam alívio para o balanço, os fundamentos permanecem desafiadores.

Já o BBI destaca que a resolução 5.244/2025 foi um divisor de águas, eliminando a distorção contábil que congelava parte da carteira rural no Estágio 3. No entanto, a casa mantém postura cautelosa, aguardando clareza sobre os impactos práticos e sobre a sustentabilidade da melhora.


O futuro da BBAS3: alta consistente ou respiro temporário?

Para os analistas, a valorização recente da BBAS3 pode ser explicada pela combinação de valuation atrativo, alívio regulatório e expectativa de queda na Selic em 2026, que pode beneficiar o setor bancário como um todo.

No entanto, há riscos importantes no radar:

  • Persistência da inadimplência no agronegócio, que segue pressionado por fatores climáticos e custos de produção.

  • Riscos fiscais e políticos em um ano pré-eleitoral, que podem influenciar a percepção de risco sobre bancos estatais.

  • Concorrência crescente no crédito rural e no varejo, especialmente de fintechs e cooperativas de crédito.

A performance recente da BBAS3 mostra que o mercado reagiu positivamente às medidas do governo e às mudanças regulatórias. O alívio contábil traz respiro imediato e pode fortalecer o resultado do banco nos próximos trimestres.

Ainda assim, especialistas alertam que os problemas estruturais permanecem e que o avanço das ações dependerá não apenas de medidas emergenciais, mas também da capacidade do Banco do Brasil de melhorar sua eficiência e manter a confiança dos investidores.

Se a alta seguirá ou não, dependerá da execução do banco nos próximos trimestres e da evolução do cenário macroeconômico. Para o investidor, a BBAS3 continua sendo uma oportunidade atraente em termos de preço, mas acompanhada de riscos relevantes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *