Governo Lula pode cortar benefícios para fechar as contas em 2026

O Governo Lula prevê fechar o Orçamento de 2026 com superávit de 0,25% do PIB. Receita virá de dividendos de estatais, leilões de petróleo e corte de benefícios fiscais.
governo Lula

O Governo Lula prepara a proposta final do Orçamento de 2026 com base em três pilares de arrecadação: de estatais, leilões de petróleo e corte de benefícios tributários. A equipe econômica liderada por Fernando Haddad e Simone Tebet projeta alcançar um superávit primário de 0,25% do , conforme antecipado pela Folha de S.Paulo. O texto será encaminhado ao Congresso até 31 de agosto, respeitando o prazo legal.

Dividendos das estatais devem ultrapassar projeção inicial

A arrecadação com dividendos pagos por estatais deve ultrapassar os R$ 37 bilhões previstos no PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de abril. Segundo fontes do governo, a Caixa Econômica Federal será a principal responsável pelo reforço, com aportes adicionais entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. Já o Banco do Brasil, impactado por queda de , deve contribuir menos que nos últimos anos. A estratégia mira principalmente empresas com alta geração de caixa e com margem para repassar lucros à União.

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Leilões de petróleo são alternativa de reforço em caso de necessidade

Outra frente considerada estratégica é a arrecadação com leilões de áreas petrolíferas, especialmente blocos ainda não concedidos e antecipações de receitas do pré-sal. O governo prevê superar os R$ 15 bilhões inicialmente projetados, mas esses valores só entrarão no Orçamento se forem indispensáveis para cumprir a meta fiscal de 2025, que admite déficit de até R$ 31 bilhões. A legislação permite que bônus de assinatura sejam transferidos para 2026, o que dá flexibilidade à execução orçamentária.

De acordo com técnicos da área econômica, o bônus de até R$ 14,8 bilhões previsto para o fim deste ano pode ser postergado. Por enquanto, esse montante não estará no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual), mas poderá ser incorporado ao longo da tramitação no .

Corte de benefícios tributários pode gerar até R$ 20 bilhões

Uma das medidas centrais para ampliar as receitas é a redução de 10% nos benefícios tributários, estimada em R$ 20 bilhões. O tema está sendo discutido em um projeto de lei complementar relatado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Caso o texto não avance até 31 de agosto, o governo pretende enviar um projeto específico para garantir o corte e incluí-lo formalmente no Orçamento de 2026.

Além disso, há expectativa de aumento na arrecadação com transações tributárias, que envolvem acordos com contribuintes para encerrar litígios com o Fisco. Também está no radar a Medida Provisória que aumenta a tributação sobre aplicações financeiras, apostas esportivas, juros sobre capital próprio (JCP) e ativos antes isentos de IR, como LCIs, LCAs e debêntures incentivadas. A medida eleva ainda a CSLL para instituições financeiras e impõe limites ao uso de créditos tributários. O impacto estimado da MP em 2026 é de R$ 20,9 bilhões.

Tesouro vê cenário fiscal mais equilibrado

Na semana passada, o secretário do , Rogério Ceron, afirmou em entrevista que o Orçamento de 2026 deve ser fechado sem necessidade de novas medidas de arrecadação além das já em curso. Segundo ele, a consolidação de instrumentos como o fim gradual de isenções no , o projeto de venda de óleo e o pacote de tributação em andamento já são suficientes para cobrir o espaço fiscal dos dois próximos anos.

Em julho, o Tesouro chegou a apontar a necessidade de R$ 86,3 bilhões em receitas extras para atingir a meta fiscal, mesmo após a reoneração do IOF, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, de acordo com Ceron, esse número partia de um cenário-base conservador, que não incorporava avanços recentes em projetos estratégicos como o reforço dos dividendos e a venda de ativos da Petrobras e da PPSA.

Ceron também descartou novas iniciativas de arrecadação para 2026 no curto prazo, mas reconheceu que o resultado dependerá da tramitação política das medidas propostas. Ele afirmou que, caso alguma não avance a tempo, o governo já tem alternativas prontas para manter o compromisso com o arcabouço fiscal.

O que esperar nas próximas semanas

A proposta orçamentária de 2026 será o primeiro grande teste da sob o novo arcabouço aprovado pelo Congresso. O governo terá de demonstrar capacidade de execução e de articulação para sustentar um superávit em um cenário ainda marcado por fragilidade política e pressão por gastos.

A votação do projeto de corte de benefícios será decisiva. A capacidade do Executivo de aprovar a MP das finanças e manter os dividendos no patamar estimado será determinante para evitar ajustes emergenciais mais à frente. No Congresso, a equipe econômica deve enfrentar resistência da bancada do agronegócio e de setores impactados pelas mudanças nos incentivos.

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