O Tarifaço de Trump pode afetar mais do que apenas os preços de importações. Segundo fontes ligadas ao ex-presidente dos EUA e apoiadores de Jair Bolsonaro, novas medidas punitivas podem incluir sanções tecnológicas — entre elas, o bloqueio ao uso do sistema de posicionamento global (GPS) em países como o Brasil.
A medida, considerada extrema, foi ventilada por aliados bolsonaristas à Folha de S.Paulo, afirmando que a escalada nas tensões comerciais com o Brasil “está apenas começando”. Com tarifas que podem dobrar para até 100%, também está em discussão a limitação do acesso a tecnologias estratégicas, como o GPS — vital para aviação, transporte, telecomunicações e logística.
O que é o GPS e por que o Brasil depende dele?
Criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos nos anos 1970, o GPS é uma tecnologia originalmente militar, mas que desde os anos 1990 se tornou amplamente utilizada por civis. Hoje, praticamente todos os smartphones, carros, navios e até drones utilizam o sistema de satélites norte-americano para geolocalização.
Cortar o acesso ao GPS, ainda que parcial, afetaria o Brasil e seus vizinhos, uma vez que o sinal é transmitido por satélites em órbita global. Especialistas ouvidos pela BBC News afirmam que um bloqueio direcionado só seria possível por meio de interferências locais, como o jamming e o spoofing.
Técnicas de bloqueio já utilizadas em zonas de conflito
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Jamming: consiste em usar um dispositivo emissor de rádio para bloquear o sinal original dos satélites GPS. Essa técnica foi utilizada pela Rússia em 2024, afetando milhares de voos civis.
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Spoofing: substitui o sinal legítimo por um falso, confundindo o receptor com informações de localização incorretas.
Apesar de possíveis, ambas as técnicas exigem infraestrutura avançada e têm efeitos colaterais amplos, podendo afetar diversos setores, inclusive os de segurança pública e defesa.
Há alternativas ao GPS?
Sim. Em caso de interrupção, há outros sistemas globais de navegação por satélite:
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GLONASS (Rússia)
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BeiDou (China)
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Galileo (União Europeia)
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NavIC (Índia, regional)
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QZSS (Japão, regional)
Embora esses sistemas ofereçam cobertura significativa, o GPS ainda é o mais amplamente utilizado no Brasil, e sua substituição exigiria investimentos em adaptação tecnológica.
Risco real ou retórica?
Por ora, o bloqueio do GPS no Brasil por conta do Tarifaço de Trump é visto como improvável, mas não impossível. Um embargo tecnológico dessa magnitude teria implicações diplomáticas e econômicas severas, atingindo não só o Brasil, mas boa parte da América do Sul.
No entanto, a simples menção dessa possibilidade já levanta alerta em setores estratégicos. Em tempos de guerra comercial e tensões políticas, a dependência de um único sistema de navegação global se revela um ponto fraco que governos e empresas devem começar a considerar seriamente.