Nos últimos dias, o mundo se aproximou perigosamente de um colapso no transporte global de petróleo e o mercado não parece muito preocupado.
Vamos aos fatos.
Onde fica e por que é importante
O Estreito de Ormuz é uma faixa de mar entre o Irã e Omã, que liga o Golfo Pérsico ao resto do mundo. Por ele passam cerca de 20% a 30% de todo o petróleo global consumido.
É um dos gargalos logísticos mais sensíveis do planeta. Sem ele, Kuwait, Emirados Árabes, Iraque e o próprio Irã não conseguem escoar sua produção. O canal também é vital para o transporte de gás natural liquefeito, especialmente do Qatar.
O que está acontecendo
O Irã foi bombardeado pelos EUA nos últimos dias. A operação destruiu instalações nucleares em Fordow, Natanz e Isfahan. Em resposta, o parlamento iraniano aprovou uma resolução autorizando o fechamento do Estreito de Ormuz.
Por ora, a medida ainda depende do aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, mas o recado foi dado.
O que acontece se o Irã fechar
Seria um choque de oferta imediato. O Brent, hoje na casa dos US$ 75, poderia saltar para US$ 90 ou mais. Além disso, possivelmente poderíamos ver:
- Inflação global pra cima em efeito dominó: combustíveis, fretes, alimentos, tudo encarece.
- Juros parando de cair ou até subir, principalmente em países emergentes.
- Ativos de risco derretendo: ações caem, ouro e dólar sobem.
Não por acaso, o fechamento do estreito é considerado, até pelo Ocidente, um “ato de guerra”.
E a China?
A China seria uma das mais prejudicadas. Estima-se que cerca de 40% do petróleo chinês passe por Ormuz. Pequim precisaria buscar fontes alternativas, mais caras e instáveis. Isso pressionaria sua inflação e crescimento num momento em que a economia já mostra sinais de desaceleração.
Por que o petróleo não explodiu?
O mercado parece anestesiado. O petróleo sobe, mas não muito. Bolsas estão em leve queda, mas longe do pânico.
Grande parte dos especialistas ainda não acreditam que o Irã terá coragem (ou condição) de fechar Ormuz por completo. E por isso, o mercado não coloca isso no preço.
A dinâmica dos preços pelo mundo parecem demonstrar que os grandes players enxergam o Irã como um ator fragilizado e com pouco poder de reação.
No Brasil, as empresas de petróleo operam em leve alta na média desde que o conflito eclodiu:
PETR4: 3%
PRIO3: 1,5%
BRAV3: -0,45%
RECV3: 3,5%
O que dizem os mercados de previsões?
No maior mercado desse tipo, o Polymarket, os investidores atribuem no momento dessa postagem, uma chance de 47% de fechamento do estreito em 2025.
Conclusão
Considerando que O Irã não possui bomba nuclear, o fechamento de estreito é a ameaça mais eficaz que Teerã pode usar no momento. No entanto, essa medida prejudicaria não só os Estados Unidos como a China, o que torna tudo mais difícil. No momento, não se acredita que tal medida será tomada, mas o mundo está de olho na possibilidade.
Se efetivada, não acredito que seja duradoura. E até por isso, o mercado não coloca muito prêmio nos preços nesse momento.