A Magazine Luiza (MGLU3) reportou mais um trimestre com foco na rentabilidade, apesar de um cenário de vendas pressionado, especialmente no canal digital. Os resultados do 1T25 da Magazine Luiza mostraram leve crescimento no GMV total, expansão significativa das margens operacionais e forte desempenho da Luizacred, braço financeiro da empresa.
O GMV total somou R$ 16,05 bilhões, crescimento de 0,2% na comparação anual, mas abaixo da projeção do mercado (R$ 16,52 bilhões). O GMV do e-commerce caiu 2,3% a/a, com retração de 2,7% no 1P (venda direta) e de 1,8% no 3P (marketplace). Em contrapartida, o SSS (vendas em mesmas lojas) cresceu 7%, evidenciando a recuperação gradual das operações físicas. A receita líquida foi de R$ 9,34 bilhões (+1,5% a/a).
Margem bruta atinge 30,3% e EBITDA ajustado avança 19%
Mesmo com vendas modestas, os resultados do 1T25 da Magazine Luiza evidenciaram foco absoluto em eficiência operacional. A margem bruta consolidada atingiu 30,3%, aumento de 60bps em relação ao 1T24 e 10bps acima das estimativas dos analistas.
O EBITDA ajustado (pós-IFRS16) foi de R$ 754 milhões, crescimento de 19% sobre o 1T24 e 2% acima da projeção de mercado. A margem EBITDA ajustada alcançou 8,1%, 120bps superior ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho foi impulsionado pela redução de despesas comerciais e administrativas (SG&A), que representaram 21,9% da receita líquida, queda de 40bps a/a.
As provisões para devedores duvidosos somaram R$ 101 milhões, uma redução de 1% na base anual. O controle dessas provisões, aliado à disciplina de custos, contribuiu diretamente para a geração operacional no período.
Luizacred registra lucro de R$ 84 milhões e inadimplência recua
O maior destaque entre os resultados do 1T25 da Magazine Luiza veio da Luizacred, que alcançou lucro líquido de R$ 84 milhões — salto expressivo frente aos R$ 13 milhões do 1T24 e acima dos R$ 60 milhões projetados. O crescimento foi puxado pela queda de 10% nas provisões, retração de 24% nos custos de financiamento e expansão de 6% nas receitas de intermediação financeira.
O TPV (volume total transacionado) na plataforma financeira foi de R$ 24,5 bilhões (-1% a/a), com destaque para o cartão de crédito, que movimentou R$ 14,4 bilhões (+3%). O portfólio de crédito atingiu R$ 19,9 bilhões (+1,5%). A inadimplência acima de 90 dias caiu de 9,4% para 8,1% em 12 meses, e o índice de cobertura subiu para 162% (vs. 148% no 1T24).
Esses resultados refletem o processo de reestruturação da operação financeira e a priorização da qualidade do crédito em detrimento da expansão a qualquer custo.
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Lucro líquido ajustado é de R$ 13 milhões; fluxo de caixa negativo preocupa
O lucro líquido ajustado consolidado da companhia foi de R$ 13 milhões, abaixo dos R$ 28 milhões registrados no 1T24, mas acima da expectativa de R$ 9 milhões. Já o fluxo de caixa operacional foi negativo em R$ 671 milhões, revertendo o resultado de -R$ 40 milhões no mesmo período do ano anterior. O fluxo de caixa total foi de -R$ 1,2 bilhão, com capex estável em R$ 180 milhões.
O desempenho financeiro foi impactado por um resultado financeiro negativo de R$ 493 milhões, representando 5,3% da receita líquida — piora de 120bps a/a. Essa pressão é reflexo do elevado custo de capital e da estratégia de financiamento de recebíveis.
Marketplace representa 41% do GMV online; fulfillment ganha espaço
O marketplace (3P) representou 41% do GMV online, mantendo-se estável em relação ao trimestre anterior, mas com ganho de 80bps em relação ao 1T24. O fulfillment — modelo de entrega com operação logística própria — respondeu por 24% das entregas do marketplace, o que representa uma evolução de 8 pontos percentuais na base anual.
Essa maior participação do fulfillment está alinhada à estratégia da Magazine Luiza de melhorar a experiência do consumidor, reduzir prazos de entrega e aumentar a fidelização da base de clientes do canal digital.
Valuation atrativo com recomendação de compra mantida
Mesmo com o desempenho ainda tímido do e-commerce, o BTG Pactual manteve a recomendação de compra para MGLU3, com preço-alvo de R$ 14,00. A ação era negociada a R$ 9,00 em 08 de maio de 2025, o que representa um potencial de valorização de mais de 55%.
A Magazine Luiza é negociada a 10,7x P/L para 2026, com múltiplos de EV/EBITDA de 4,1x em 2025 e 3,4x em 2026. O ROIC projetado é de 11,4% em 2025, com potencial de expansão para 17,2% até 2027. O valuation atual é considerado atrativo dentro do setor de varejo digital.
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Resultados do 1T25 da Magazine Luiza
Os resultados do 1T25 da Magazine Luiza comprovam a eficácia da estratégia de priorizar rentabilidade em um ambiente macroeconômico ainda adverso. A melhora nas margens, o avanço da Luizacred e a manutenção da disciplina de custos são pontos positivos que sustentam a tese de recuperação gradual da companhia.
Embora o crescimento do GMV e da receita líquida siga limitado, o foco da gestão em eficiência operacional e qualidade dos ativos financeiros se traduz em fundamentos sólidos para os próximos trimestres. O cenário desafiador do varejo digital e o alto custo de capital continuam pesando, mas a Magazine Luiza segue demonstrando capacidade de adaptação e resiliência competitiva.