As vendas no varejo dos EUA apresentaram crescimento mais forte do que o esperado em março, indicando que os consumidores norte-americanos mantiveram o ritmo de compras mesmo diante da crescente incerteza econômica causada pelas novas tarifas comerciais do governo Trump.
De acordo com o Departamento do Censo dos Estados Unidos, as vendas no varejo dos EUA subiram 1,4% na comparação mensal, superando a expectativa de 1,3% dos analistas consultados pela Reuters. Em fevereiro, o crescimento havia sido mais modesto, de 0,2%.
Na comparação anual, as vendas cresceram 4,6%, reforçando a percepção de que o consumo segue firme, ao menos no curto prazo.
Detalhamento do desempenho por setor
Entre os destaques do mês, as vendas de veículos automotores e peças avançaram 8,8% em relação ao mesmo período de 2024. O segmento de varejo não alimentar também se destacou, com crescimento de 4,8% em março.
As vendas totais do primeiro trimestre, que compreendem os meses de janeiro a março — já sob o segundo mandato do presidente Donald Trump —, cresceram 4,1% em relação ao primeiro trimestre de 2024, evidenciando a força do setor.
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Tarifa iminente pode ter antecipado consumo
Especialistas indicam que o bom desempenho do varejo dos EUA em março pode ter sido impulsionado por uma corrida antecipada dos consumidores para garantir produtos antes da implementação das tarifas recíprocas punitivas anunciadas pelo governo Trump.
O presidente anunciou, no início de abril, tarifas de até 145% sobre importações chinesas. Embora tenha suspendido temporariamente parte dessas medidas, a incerteza levou muitos consumidores a se antecipar às mudanças.
“Houve claramente um comportamento defensivo por parte dos consumidores, que preferiram comprar antes da elevação de preços esperada com as tarifas”, afirmou David Franklin, economista da Franklin Research.
Impacto das tarifas no varejo dos EUA
Ainda que a suspensão parcial das tarifas — especialmente sobre produtos tecnológicos como smartphones e computadores — tenha aliviado momentaneamente o setor, as tarifas de 10% sobre diversos países seguem em vigor. Além disso, os impostos sobre aço, alumínio, automóveis e peças automotivas continuam ativos, com potencial para elevar os custos de varejistas e consumidores.
A China, principal alvo das tarifas, ficou de fora do alívio temporário. Pequim respondeu com tarifas retaliatórias de 125% sobre produtos norte-americanos, o que aprofunda a guerra comercial e pressiona setores sensíveis do varejo dos EUA.
Governo sinaliza novas tarifas setoriais
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, declarou que novas tarifas podem ser aplicadas em breve, especialmente sobre produtos eletrônicos, semicondutores e itens farmacêuticos. Uma investigação sobre esses setores já está em andamento e pode ser concluída nos próximos dois meses.
Esse possível agravamento tarifário pode ter efeitos diretos no comportamento do consumidor, nos preços e nas margens das grandes redes varejistas nos Estados Unidos.
Reação do mercado ao crescimento do varejo
Apesar dos números positivos, o índice S&P 500 operou em queda de 3,14% no dia da divulgação, refletindo a preocupação dos investidores com os desdobramentos da guerra comercial. O aumento das vendas não foi suficiente para conter o sentimento de cautela.
Economistas alertam que a continuidade do crescimento do varejo dos EUA dependerá da estabilidade nas relações comerciais, da inflação e das próximas decisões do Federal Reserve (Fed) em relação à política monetária.
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Consumo forte pode adiar corte de juros
O avanço do varejo dos EUA é um sinal de que o consumo segue robusto, o que pode influenciar o Fed a manter os juros elevados por mais tempo. A inflação continua sob pressão, e a autoridade monetária ainda busca ancorar as expectativas.
“Esse dado adiciona mais um componente ao debate sobre os juros. O Fed pode entender que a economia ainda está aquecida demais para cortar juros agora”, afirmou Sarah Mendez, estrategista da First Capital.
Perspectivas para o varejo dos EUA nos próximos meses
As projeções para o desempenho do varejo dos EUA no segundo trimestre são cautelosas. Caso as tarifas entrem em vigor em escala mais ampla, os preços tendem a subir, o que pode reduzir o poder de compra da população.
Além disso, a instabilidade nas relações comerciais e as incertezas regulatórias podem impactar os estoques, o custo dos insumos e a logística das grandes cadeias de varejo. Empresas como Amazon, Walmart e Target estão entre as mais vulneráveis a essas oscilações.