Os estoques de atacado dos EUA registraram uma leve recuperação em outubro, subindo 0,2% em relação ao mês anterior, após um recuo de 0,2% em setembro. Os dados foram divulgados pelo Census Bureau do Departamento de Comércio nesta segunda-feira (9), destacando que a recuperação foi sustentada principalmente por um aumento nos estoques de bens não duráveis.
Na comparação anual, os estoques no atacado cresceram 0,9%, reforçando uma tendência moderada de reposição de produtos. Este movimento ocorre em meio à preocupação das empresas com possíveis aumentos tarifários, especialmente sobre produtos importados do México, Canadá e China, anunciados pelo presidente eleito Donald Trump.
Bens não duráveis impulsionam recuperação
O crescimento dos estoques foi liderado pelos bens não duráveis, que avançaram 0,3%. Entre os destaques, houve forte aumento nos estoques de alimentos e medicamentos, setores que tradicionalmente apresentam resiliência em períodos de incerteza econômica.
Em contrapartida, os estoques de bens duráveis tiveram crescimento marginal de 0,1%, com desempenhos mistos entre as categorias:
- Móveis, equipamentos profissionais e madeira: registraram alta significativa, reforçando o papel destes produtos no setor de construção e infraestrutura.
- Veículos automotores: apresentaram queda de 0,1%, refletindo a volatilidade na demanda do setor automotivo.
- Bens elétricos: recuaram 1,0%, indicando uma desaceleração na reposição de estoques, possivelmente devido à incerteza sobre tarifas e custos de importação.
Tarifas e acúmulo de estoques
As políticas anunciadas pelo presidente eleito Donald Trump adicionam um componente de incerteza ao cenário econômico. A expectativa de tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá e 10% sobre produtos da China tem levado empresas a estocar bens importados antes da implementação das medidas.
Esse comportamento de precaução pode resultar em um aumento temporário dos estoques nos próximos meses, enquanto empresas buscam minimizar os impactos das tarifas nos custos operacionais e nas margens de lucro.
Vendas no atacado e impacto no PIB
Apesar do aumento nos estoques, as vendas no atacado recuaram 0,1% em outubro, após uma alta de 0,5% em setembro. No ritmo atual, os atacadistas levariam 1,34 meses para esvaziar as prateleiras, um índice inalterado em relação ao mês anterior.
O investimento em inventários privados, uma métrica essencial para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), foi um pequeno empecilho para o crescimento econômico no terceiro trimestre. No período de julho a setembro, a economia dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2,8%, em grande parte impulsionada pelo consumo, enquanto os estoques exerceram pressão negativa sobre os números gerais.
Perspectivas para o setor de atacado
Os estoques no atacado desempenham um papel crucial no equilíbrio da oferta e demanda, especialmente em momentos de incerteza econômica e comercial. Analistas preveem que o setor pode registrar crescimento mais acelerado nos próximos meses, com empresas buscando proteger suas operações contra os efeitos das tarifas anunciadas.
Entretanto, o impacto das políticas protecionistas de Trump, aliado à desaceleração nas vendas, pode criar um cenário desafiador para os atacadistas em 2025, especialmente para categorias mais sensíveis como veículos automotores e bens elétricos.
Resumo dos principais números
Indicador | Valor |
---|---|
Variação mensal (outubro) | +0,2% |
Variação anual (outubro) | +0,9% |
Estoques de bens duráveis | +0,1% |
Estoques de bens não duráveis | +0,3% |
Queda em veículos automotores | -0,1% |
Queda em bens elétricos | -1,0% |
Vendas no atacado (outubro) | -0,1% |
Tempo para esvaziar prateleiras | 1,34 meses (inalterado em relação a setembro) |