Com a iminente troca de comando no Banco Central (BC) e o endurecimento do discurso por um dos principais candidatos a assumir a autoridade monetária, a expectativa de alta na taxa Selic já é vista como praticamente certa na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) prevista no calendário de 2024. A Selic, atualmente em 10,5% ao ano, poderá subir ainda mais, conforme indicam gestores de recursos renomados.
André Jakurski, sócio-fundador da JGP, afirmou durante um evento do BTG Pactual que o Banco Central não deve ter outra alternativa senão elevar os juros. Segundo ele, o déficit nominal de 10%, atingido pelo país, é um fator crítico que se equipara apenas aos períodos de crise pandêmica e aos momentos de maior turbulência durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. “A pressão no ‘pipeline’ de inflação é real”, destacou Jakurski, mencionando que, embora o déficit nominal não tenha um impacto imediato no mercado, ele pressiona as decisões monetárias.
A Influência de Gabriel Galípolo e o Contexto Econômico
Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, comentou sobre o papel de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e um dos nomes mais cotados para assumir o comando do BC. Stuhlberger afirmou que o recente aumento do dólar e seu impacto nos preços dos alimentos fizeram com que Brasília reagisse, resultando em um discurso mais firme do BC sobre o controle da inflação e do déficit.
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“Se vai aumentar ou não, eu não sei, mas a regra do BC é clara: se a inflação está fora da meta, os juros precisam subir”, afirmou Jakurski. Para ele, a credibilidade do Banco Central em meio à transição de mandato é fundamental, e Galípolo, ao adotar um discurso mais rígido, demonstra que o BC está preparado para agir conforme necessário.
Por outro lado, Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX, destacou que todos os dirigentes do BC precisam conquistar sua credibilidade ao assumir o cargo. “Galípolo está em uma posição confortável para puxar os juros”, disse Xavier, sugerindo que o mercado já espera essa postura mais agressiva para garantir a estabilidade econômica.
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Impactos e Expectativas para a Política Monetária
A combinação de fatores, como a inflação fora da meta e o crescimento dos gastos públicos, coloca o BC em uma posição delicada. A previsão de gastos sociais na ordem de R$ 1,6 trilhão em 2025 adiciona mais pressão sobre as decisões da autoridade monetária. Para Stuhlberger, a elevação da Selic para 12%, em um cenário onde os Estados Unidos começam a cortar suas taxas de juros, pode até beneficiar o Brasil, atraindo investimentos através do “carry trade” (carrego).
No entanto, o desafio maior reside em como o governo irá lidar com o crescente déficit, especialmente em um contexto onde a arrecadação não acompanha o ritmo dos gastos. A comunicação sobre a alta de juros já está sendo discutida nos bastidores políticos, e para muitos especialistas, essa decisão é vista como uma maneira de garantir que o novo comando do BC mantenha sua credibilidade intacta.
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“O aumento dos juros não será visto como uma loucura, mas sim como uma necessidade para preservar a credibilidade do BC”, concluiu Xavier. A expectativa é de que, ao liderar esse ajuste, Galípolo possa consolidar sua posição e eliminar quaisquer dúvidas sobre sua capacidade de elevar os juros quando necessário, garantindo, assim, a estabilidade econômica do país.