A XP Investimentos enfrenta uma forte crise de imagem nas redes sociais após as perdas bilionárias sofridas por investidores em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) lastreados em dívidas das companhias Ambipar (AMBP3) e Braskem (BRKM5). Segundo análise da Ativaweb, o tema gerou 287.115 menções nas redes entre os dias 6 e 8 de outubro, com 78,7% das publicações expressando sentimento negativo em relação à corretora.
As perdas de até 93% nesses produtos estruturados, vendidos a investidores de varejo com promessa de proteção parcial de capital, desencadearam uma onda de indignação online. A XP, que liderou a distribuição desses COEs, foi acusada de falta de transparência e de ter comercializado produtos complexos a clientes sem perfil de risco compatível.
Explosão de menções e críticas
De acordo com o relatório da Ativaweb, o pico de repercussão ocorreu na manhã de 7 de outubro, quando milhares de investidores receberam comunicados informando o vencimento antecipado e as perdas significativas nos COEs. Naquele dia, mais de 32 mil publicações mencionaram diretamente o termo “COE XP”, impulsionando o assunto ao topo dos trending topics no X (antigo Twitter).
As plataformas analisadas incluíram X, Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e Reclame Aqui. O X concentrou 42,1% das interações, seguido por Instagram (28,4%), Facebook (15,7%), TikTok (8,3%) e YouTube (5,5%).
A maioria do público engajado é masculina (67%), com idade entre 25 e 44 anos, faixa que representa os investidores mais ativos digitalmente.
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Termos mais usados e reações
A análise de sentimento identificou expressões recorrentes de revolta, ironia e desconfiança. As frases mais citadas incluíam “perdi 93%”, “garantia parcial” e “vencimento antecipado”. Muitos usuários afirmaram que acreditavam estar investindo em produtos de renda fixa, quando, na prática, tratava-se de operações de risco atreladas a empresas com alto endividamento.
No Reclame Aqui, surgiram dezenas de relatos de investidores que alegam não ter sido devidamente informados sobre o risco de perda total do capital aplicado.
“Comprei COE da Ambipar indicado pela XP como investimento seguro. Descobri que perdi quase tudo em poucos meses”, escreveu um cliente.
Queda de seguidores e “audiência crítica”
O impacto da crise também foi sentido nos canais oficiais da XP Investimentos. O perfil da corretora no Instagram perdeu cerca de 40 mil seguidores, o equivalente a uma redução de 1,2% da base total.
Apesar da fuga de seguidores, o engajamento nas redes subiu 53,7%, movimento classificado pela Ativaweb como “audiência crítica” — quando uma marca ganha visibilidade, mas perde confiança pública.
“A XP está enfrentando um fenômeno típico de crise reputacional: alto volume de menções e baixo índice de credibilidade. O público quer respostas, não publicidade”, destaca o relatório.
Risco reputacional e danos à confiança
O episódio marca um dos maiores abalos de imagem da XP Investimentos desde sua abertura de capital na Nasdaq, em 2019. A corretora, que construiu sua reputação com base em educação financeira e democratização dos investimentos, agora enfrenta questionamentos sobre governança, transparência e adequação de produtos ao perfil dos clientes.
Especialistas em comunicação digital avaliam que a empresa precisa atuar rapidamente na gestão da crise, reforçando a clareza das informações prestadas aos investidores e revendo as políticas de venda de produtos de risco.
Enquanto isso, a repercussão segue crescendo nas redes. Segundo a Ativaweb, o caso deve continuar sendo amplamente debatido nos próximos dias, especialmente em fóruns e comunidades de investidores.