Na iminência de uma possível mudança histórica, o Banco do Japão está avaliando encerrar sua política de juros negativos. Fontes internas afirmaram que esta discussão será pautada pelos resultados preliminares das negociações salariais nas grandes empresas, a serem divulgados na sexta-feira.
Esta possível alteração marca uma significativa mudança em relação ao programa de estímulo monetário implementado há uma década. Analistas apontam que tal decisão pode ter impactos nos mercados financeiros globais, especialmente por romper com o status do Japão como principal provedor de dinheiro barato em larga escala.
O início das negociações salariais anuais deste ano, com a Toyota liderando ao concordar com o maior aumento salarial em 25 anos para os trabalhadores de suas fábricas, tem gerado expectativas de que outras empresas sigam o exemplo com incrementos significativos.
Diante desses indícios promissores nas negociações salariais, fontes próximas ao Banco do Japão afirmam que as chances de uma redução gradual do estímulo monetário estão crescendo.
O banco central planeja examinar de perto os resultados preliminares das negociações salariais divulgados pelo sindicato Rengo na sexta-feira, a fim de determinar se as condições para a eliminação gradual do estímulo foram atendidas.
Segundo uma fonte interna, “parece haver fundamentos suficientes para justificar uma mudança na política monetária em março”. No entanto, a decisão final estará nas mãos dos nove membros da diretoria, que estão cientes da sensibilidade do assunto.
O possível fim dos juros negativos, vigentes desde 2016, seria um ponto de virada no programa de estímulo do país, representando o primeiro aumento de juros desde 2007.
Apesar disso, a incerteza persiste, já que alguns membros da diretoria estão preocupados com os recentes sinais de enfraquecimento no consumo, evidenciando a fragilidade da recuperação econômica japonesa.
O Banco do Japão poderá adiar a decisão até abril caso julgue necessário analisar mais dados, como a pesquisa sobre a confiança das empresas e o relatório trimestral sobre as economias regionais do país.
Muitos participantes do mercado esperam que o Banco do Japão abandone os juros negativos em sua próxima reunião de dois dias, que termina na terça-feira, ou na reunião subsequente em 25 e 26 de abril.
O presidente do banco central, Kazuo Ueda, indicou que a autoridade monetária está preparada para encerrar o estímulo já na próxima semana, citando as “exigências salariais bastante altas” feitas pelos sindicatos como fator decisivo.
“A resultante das negociações salariais anuais deste ano é crucial para determinar o momento da saída do estímulo maciço”, afirmou Ueda ao Parlamento, acrescentando que estão atentos aos resultados abrangentes desses dados, entre outros.