A tensão com EUA agrava riscos para a economia brasileira e já reflete no comportamento dos investidores. O impasse diplomático começou em julho, após Washington anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Desde então, o clima de incerteza ganhou força e impactou diretamente a conta externa do país, somando-se ao risco fiscal doméstico.
Pesquisa mostra fuga da bolsa para renda fixa
Levantamento da XP com assessores de investimentos revelou queda expressiva no interesse por bolsa. Em julho, 34% dos clientes pretendiam ampliar posições em ações; em agosto, o número caiu para 21%.
Em contrapartida, 77% dos investidores demonstraram apetite por renda fixa, alta de quatro pontos em relação ao mês anterior, quando o indicador estava em 73%. O patamar elevado da Selic, em torno de 15% ao ano, reforça o movimento defensivo.
Tabela — Mudanças no perfil do investidor (XP)
Indicador | Julho/2025 | Agosto/2025 |
---|---|---|
Intenção de ampliar ações | 34% | 21% |
Desejo de reduzir renda variável | 7% | 16% |
Interesse em renda fixa | 73% | 77% |
Interesse em internacionalizar portfólio | 42% | 48% |
Internacionalização do portfólio ganha força
O clima de tensão também levou investidores a buscar proteção no exterior. A parcela de clientes interessados em internacionalizar aplicações subiu de 42% em julho para 48% em agosto.
Segundo a pesquisa, os ativos mais procurados são ETFs e bonds dos EUA, seguidos por ações internacionais, fundos globais e dólar. A busca por diversificação geográfica reflete o receio de que a crise comercial e política se prolongue.
Preocupação fiscal perde espaço, mas segue no radar
Apesar de a crise diplomática dominar as preocupações recentes, a política fiscal segue relevante. O levantamento da XP mostra que 41% dos assessores ainda apontam as contas públicas como fonte de apreensão — queda de seis pontos percentuais em relação ao mês anterior.
Já os temores com instabilidade política e riscos geopolíticos avançaram, atingindo 28% e 12% das respostas, respectivamente.
Impactos para a conta externa
Analistas destacam que o aumento do fluxo para ativos externos, somado à pressão sobre exportações, deve tensionar a conta de transações correntes do Brasil. A tendência é de mais volatilidade cambial no curto prazo, enquanto não houver clareza sobre os rumos das negociações comerciais com os Estados Unidos.
Este conteúdo tem caráter jornalístico e educacional e não constitui recomendação de investimento.