A Argentina deve registrar um superávit comercial de US$ 1,28 bilhão em setembro, marcando o décimo mês consecutivo de saldo positivo sob o governo do presidente Javier Milei, conforme uma pesquisa conduzida pela Reuters. Desde que Milei assumiu o cargo, em dezembro de 2023, o superávit acumulado já se aproxima de US$ 16,5 bilhões, um alívio para um país que luta contra inflação de três dígitos, recessão e reservas cambiais esgotadas.
Exportações em Alta: Setores de Agricultura, Mineração e Hidrocarbonetos
De acordo com Milagros Suardi, economista da Eco Go, a melhora nas exportações está sendo impulsionada por setores-chave como agricultura, mineração e hidrocarbonetos. A Argentina, um dos maiores fornecedores globais de soja e milho, também possui grandes reservas de óleo de xisto, gás e lítio — este último crucial para a produção de baterias. Essa diversificação no mix de exportações tem ajudado a estabilizar a balança comercial do país em um momento de crise interna.
Setor de Energia Contribui Para Superávit
O setor de energia também desempenha um papel crucial no desempenho comercial da Argentina. Pablo Besmedrisnik, economista da consultoria VDC, destacou que o país deverá fechar 2024 com um superávit de US$ 4,2 bilhões a US$ 5 bilhões no setor energético, resultado de uma maior produção local de hidrocarbonetos e de uma demanda energética mais baixa devido à queda da atividade econômica.
“A produção local de energia está superando o déficit energético dos anos anteriores, gerando um saldo positivo que se refletirá no superávit total do ano”, afirmou Besmedrisnik.
Desafios Econômicos Persistem
Embora o superávit comercial traga alívio ao governo Milei, a Argentina continua enfrentando graves problemas econômicos. O país está em meio a uma recessão profunda, com uma inflação descontrolada e sérias dificuldades para atrair investimentos externos. O superávit comercial ajuda a fortalecer as reservas cambiais, mas ainda há desafios a serem superados para estabilizar a economia no longo prazo.
A agência oficial de estatísticas INDEC divulgará os dados comerciais oficiais de setembro na próxima sexta-feira, o que trará mais clareza sobre o real impacto dessas mudanças na balança comercial do país.