O setor público brasileiro registrou um déficit primário de R$48,9 bilhões em junho de 2023, ante um superávit de R$14,4 bilhões no mesmo mês de 2022. O déficit nominal foi de R$89,6 bilhões, ante um déficit de R$24,3 bilhões no mesmo mês do ano passado.
O resultado primário reflete um déficit do Governo Central de R$46,5 bilhões e um superávit dos governos regionais de R$927 milhões. O resultado nominal também foi influenciado pelo resultado das operações de swap cambial, que registrou um ganho de R$20,5 bilhões em junho de 2023.
A dívida líquida do setor público consolidado (DLSP) atingiu 59,1% do PIB (R$6,1 trilhões) em junho de 2023, elevando-se 1,3 p.p. do PIB no mês. A dívida bruta do governo geral (DBGG) – que compreende Governo Federal, INSS e governos estaduais e municipais – atingiu 73,6% do PIB (R$7,6 trilhões), mantendo-se estável como proporção do PIB em relação ao mês anterior.
A elevação da DLSP refletiu sobretudo os impactos da valorização cambial de 5,4% no mês, do déficit primário, dos juros nominais apropriados e do efeito da variação do PIB nominal. O aumento de 2,0 p.p. na relação DLSP/PIB resultou das contribuições dos juros nominais apropriados (aumento de 3,3 p.p.), do efeito da valorização cambial acumulada de 7,6% (aumento de 0,9 p.p.), do déficit primário (aumento de 0,2 p.p.), do crescimento do PIB nominal (redução de 2,2 p.p.) e do ajuste de paridade da cesta de moedas que integram a dívida externa líquida (redução de 0,2 p.p.).
A estabilidade da DBGG como proporção do PIB em relação ao mês anterior foi resultado dos juros nominais apropriados (aumento de 0,6 p.p.), do efeito da valorização cambial no mês (redução de 0,2 p.p.), dos resgates líquidos de dívida (redução de 0,1 p.p.) e do efeito da variação do PIB nominal (redução de 0,3 p.p.).
Assim, o aumento de 0,7 p.p. na relação DBGG/PIB resultou, em especial, dos juros nominais apropriados (aumento de 4,0 p.p.), do efeito da valorização cambial acumulada (redução de 0,3 p.p.) e do efeito da variação do PIB nominal (redução de 2,8 p.p.).
Os dados mostram que a situação financeira do setor público brasileiro continua a se deteriorar. O déficit primário aumentou, a dívida líquida aumentou e a dívida bruta se manteve estável como proporção do PIB. Isso é resultado de uma série de fatores, incluindo a pandemia de COVID-19, a guerra na Ucrânia e a alta inflação.