O mercado financeiro está em compasso de espera pela próxima decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), marcada para a quarta-feira (17). Segundo análise do JP Morgan, embora haja sinais de progresso em variáveis econômicas relevantes, os avanços ainda não são suficientes para justificar o início de um ciclo de corte da Selic, hoje fixada em 15% ao ano.
Cenário atual da economia
Desde a elevação da taxa básica, a economia brasileira tem mostrado sinais de desaceleração. A confiança empresarial caiu, o crédito perdeu força e a inflação recuou em relação aos picos registrados no início de 2025. Além disso, as expectativas de inflação começaram a ceder e o câmbio mostrou valorização.
Mesmo assim, o banco destaca que ainda há pressões inflacionárias relevantes. O mercado de trabalho segue aquecido, o hiato do produto continua positivo e tanto a inflação cheia quanto a subjacente e de serviços permanecem bem acima da meta de 3% definida pelo Banco Central.
Diante desse cenário, o JP Morgan aposta na manutenção da Selic em 15% na reunião desta semana, alinhando-se ao consenso de mercado.
Ajustes marginais no comunicado do Copom
De acordo com os economistas Cassiana Fernandez, Mirella Sampaio e Vinicius Moreira, não devem ocorrer mudanças relevantes no comunicado do Copom em relação ao encontro de julho. O texto deve apenas reforçar o caráter cauteloso da política monetária, refletindo a incerteza do cenário internacional e a dinâmica desigual da economia doméstica.
No campo quantitativo, contudo, alguns ajustes podem aparecer. O BC deve considerar o impacto da valorização do real frente ao dólar e a queda das expectativas inflacionárias, o que pode levar a uma redução marginal nas projeções — algo em torno de 0,1 ponto percentual.
Perspectivas para a Selic nos próximos meses
O relatório do JP Morgan destaca que o aperto monetário iniciado no ano passado já mostra sinais de eficácia, especialmente no controle da inflação. Caso a tendência de moderação da atividade e da inflação se confirme, o banco projeta que o Banco Central possa iniciar o ciclo de cortes já em dezembro.
O cenário-base da instituição prevê uma primeira redução de 0,25 ponto percentual, seguida por cortes consecutivos de 0,50 ponto ao longo de 2026. Nesse ritmo, a Selic poderia encerrar o próximo ano em 10,75%, devolvendo parte da rigidez monetária implementada no passado recente.
O que significa para os investidores
Para o investidor, o atual patamar da Selic segue atrativo para aplicações de renda fixa, especialmente títulos públicos e CDBs atrelados à taxa. No entanto, o início de um ciclo de queda pode reaquecer a bolsa de valores e abrir espaço para maior apetite a risco.
Especialistas recomendam cautela e diversificação: manter uma parcela em ativos indexados à Selic garante segurança no curto prazo, enquanto a gradual redução dos juros pode beneficiar ações de setores ligados ao consumo e ao crédito.