Em linha com o que foi indicado previamente pela autoridade monetária e amplamente aguardado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por continuar reduzindo a taxa básica de juros, conhecida como Selic, em 0,50 ponto percentual, passando de 11,25% ao ano para 10,75% ao ano.
É importante destacar que houve uma alteração no comunicado do Copom, no qual anteriormente os membros previam novos cortes na mesma magnitude nas próximas reuniões. Agora, a indicação é de que, se o cenário esperado se confirmar, haverá um novo corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião. Isso sugere que há menos consenso entre os membros do comitê sobre o ritmo de redução da Selic.
Além disso, o Copom manteve suas projeções para a inflação geral (3,5% em 2024 e 3,2% em 2025), mas revisou para cima as projeções para os preços administrados (de 4,2% para 4,4% em 2024 e de 3,8% para 3,9% em 2025). Também fez uma avaliação da inflação atual, destacando a pressão nos preços que não incluem alimentos e energia, observada nas últimas medições do IPCA.
Apesar de o comitê afirmar que seu cenário básico não mudou substancialmente, a mudança na orientação fornecida pelo Copom parece ser excessivamente cautelosa e pode levantar dúvidas sobre a continuidade do ciclo de redução dos juros no país. A sinalização de que os cortes devem continuar nas próximas reuniões, condicionada ao cenário esperado, estaria mais de acordo com a melhora da inflação atual, apesar das preocupações com os riscos de alta, como as expectativas de inflação ainda elevadas, incertezas sobre o hiato econômico e o ciclo de juros nos Estados Unidos.
Apesar da surpresa com a mudança na comunicação do Copom, nossa expectativa permanece a mesma: esperamos mais dois cortes na mesma magnitude e um último corte de 0,25 ponto percentual, levando a Selic a 9,5% ao ano na reunião de julho.