A empresa brasileira São Martinho, uma das principais no setor sucroalcooleiro, divulgou que teve um lucro líquido de R$ 418,1 milhões no segundo trimestre da safra 2023/24, encerrado em setembro. Esse valor representa um aumento de 96,7% em comparação com o mesmo período do ciclo anterior.
Apesar disso, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado teve uma queda de 16,9%, totalizando R$ 655 milhões, e a receita líquida diminuiu 3%, atingindo R$ 1,537 bilhão.
Confira o calendário de resultados 3T2023.
A São Martinho explicou que o aumento no lucro líquido foi impulsionado pelo recebimento de um precatório da Copersucar no valor de R$ 502,8 milhões, relacionado à vitória da cooperativa em um processo judicial que questionou os impactos negativos da política de preços do Instituto do Açúcar e do Álcool (IEA) nas décadas de 1980 e 1990. O trimestre também foi caracterizado por uma redução na produção e nos preços do etanol, parcialmente compensada pelo mercado favorável para o açúcar.
A receita líquida proveniente do açúcar foi de R$ 840,3 milhões no período de julho a setembro, representando um aumento de 47,8% em relação ao mesmo intervalo da safra anterior. Deste total, R$ 768 milhões referem-se às vendas no mercado externo. Quanto ao etanol, a receita líquida totalizou R$ 504,7 milhões, uma redução de 36,3% em comparação com o ano anterior, sendo R$ 476,4 milhões gerados no mercado interno. Além disso, a empresa obteve receita com energia elétrica, leveduras, DDGS e CBios.
A São Martinho destacou que, devido a condições climáticas mais favoráveis, um manejo eficiente e o uso de variedades mais produtivas, processou 17,5 milhões de toneladas de cana nos seis primeiros meses da safra, registrando um aumento de 4,6% em relação ao mesmo período da temporada passada. Na comparação, a produção de açúcar cresceu 12,3%, atingindo 1,1 milhão de toneladas, enquanto a de etanol aumentou 6,7%, alcançando 801,3 mil metros cúbicos, incluindo 83 mil metros cúbicos de etanol de milho.
Em conformidade com sua política de hedge, a empresa informou que as fixações de preços de açúcar para a safra atual totalizaram 547 mil toneladas (73% de cana própria) até 30 de setembro, a um preço médio de R$ 2,676 por tonelada. Para o próximo ciclo (2023/24), os preços para 267 mil toneladas já foram fixados, a uma média de R$ 2.762 por tonelada.
A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, atingiu 1,51 vez em 30 de setembro, em comparação com 1,27 vez no final do segundo trimestre da safra 2022/23. A empresa prevê que o capex de manutenção nesta safra seja de R$ 1,9 bilhão, uma redução de 2,8% em relação à estimativa inicial, devido à queda nos preços dos insumos.
Quanto ao capex de melhoria operacional, a empresa espera atingir R$ 323 milhões, principalmente para a reposição de frota e maquinário. Já o montante destinado à modernização e expansão é de R$ 465 milhões, incluindo o projeto de produção de biometano na Unidade Santa Cruz.