O segundo trimestre de 2024 foi desafiador para a Petrobras (PETR4), que registrou um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, seu primeiro resultado negativo desde o terceiro trimestre de 2020. Essa inversão significativa em relação aos lucros expressivos dos trimestres anteriores foi atribuída principalmente a efeitos contábeis, como os impactos da adesão a um acordo tributário e a variação cambial. Esses efeitos, embora substanciais, não refletem a performance operacional subjacente da companhia, que manteve uma forte geração de caixa e estabilidade em suas operações principais.
Desempenho Financeiro e Operacional
No 2T24, a receita líquida da Petrobras alcançou R$ 122,3 bilhões, um crescimento de 3,9% em relação ao trimestre anterior e 7,4% comparado ao 2T23. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelo crescimento das exportações, que subiram 10,6%, refletindo a valorização do Brent em reais. A receita com derivados no mercado interno também teve um leve aumento de 3%, devido ao maior volume de vendas e preços realizados.
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Apesar desses avanços, a Petrobras registrou um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões, em contraste com o lucro de R$ 28,8 bilhões no mesmo período do ano passado e de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024. O resultado foi fortemente impactado pela adesão a um acordo para encerrar uma disputa tributária com o governo e pela variação cambial desfavorável, que, embora significativa, não afetou o caixa da empresa.
O aumento do custo dos produtos vendidos também contribuiu para o resultado negativo, com uma alta de 7% em comparação ao primeiro trimestre de 2024, refletindo os maiores custos com petróleo e derivados importados. Essa elevação nos custos foi consequência da valorização das cotações do petróleo no momento da formação dos estoques e da maior participação do petróleo importado na carga processada nas refinarias e do derivado importado no mix das vendas.
A receita de vendas da Petrobras no segundo trimestre totalizou R$ 122,3 bilhões, representando um aumento de 7,4% em comparação anual e um avanço de 3,9% em relação ao trimestre anterior. Esse crescimento foi sustentado pela expansão nas exportações, que tiveram um papel crucial na compensação das margens mais apertadas no mercado interno. A valorização do Brent, principal referência para os preços de petróleo, foi um fator decisivo para a elevação das receitas com exportações.
Além disso, a Petrobras reportou no mês passado que sua produção de petróleo no Brasil cresceu 2,6% entre abril e junho em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse aumento foi impulsionado pelo desempenho operacional das plataformas que entraram em operação ao longo de 2023. A produção média de petróleo da companhia no Brasil foi de 2,16 milhões de barris por dia (bpd) no segundo trimestre, comparado a 2,1 milhões de bpd no mesmo período de 2023, demonstrando a eficácia da estratégia de expansão e otimização dos ativos de produção.
Impacto dos Itens Não Recorrentes
O resultado financeiro no 2T24 foi severamente afetado por variações cambiais e despesas não recorrentes, resultando no prejuízo reportado. Entre os fatores que mais pesaram, destacou-se a adesão a um acordo para encerrar disputas tributárias que causou um impacto de R$ 11,9 bilhões no resultado do trimestre. Esse acordo foi relacionado à Cide, PIS e Cofins, cobrindo o período entre 2008 e 2013, e representou uma medida estratégica da empresa para encerrar litígios que poderiam ter consequências financeiras ainda maiores no futuro.
Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar contribuiu para o resultado negativo, embora sem efeito direto no caixa da empresa. As flutuações cambiais tiveram um impacto significativo nas despesas financeiras, dado que parte considerável da dívida da Petrobras é denominada em moeda estrangeira. Essa exposição cambial, combinada com as pressões inflacionárias e os custos crescentes de importação, resultou em um cenário financeiro desafiador para a estatal.
“O resultado líquido do trimestre deve ser analisado à luz de eventos que impactaram o resultado contábil, mas sem impacto relevante no caixa da empresa”, comentou o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, em seu relatório.
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Apesar do prejuízo, a Petrobras destacou que sua geração de caixa foi “forte” no segundo trimestre de 2024, registrando um Fluxo de Caixa Operacional (FCO) de R$ 47,2 bilhões, superando o observado no primeiro trimestre. Essa robusta geração de caixa demonstra a resiliência da empresa em manter suas operações principais funcionando de maneira eficiente, mesmo diante de adversidades externas e desafios financeiros.
Mesmo com os desafios, o lucro recorrente foi de R$ 15,7 bilhões, embora abaixo das expectativas de mercado, que esperavam R$ 22,3 bilhões. Esse lucro recorrente, embora significativo, foi afetado pela pressão nos resultados operacionais e pelos ajustes necessários devido aos itens não recorrentes mencionados anteriormente. A Petrobras reconheceu que, apesar das adversidades, manteve uma operação estável, gerando valor para os acionistas e garantindo a continuidade de seus principais projetos de expansão e desenvolvimento.
Investimentos, Endividamento e Dividendos
Apesar do resultado negativo, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 13,57 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), equivalentes a R$ 1,05 por ação ordinária e preferencial. Para esse pagamento, a empresa utilizou R$ 6,4 bilhões da reserva de remuneração ao capital, mantendo um saldo de R$ 15,5 bilhões nesta reserva, que foi criada para garantir a remuneração dos acionistas mesmo em períodos de resultados adversos.
A reserva de remuneração do capital, que havia sido alvo de críticas no momento de sua criação por parte de investidores que temiam um impacto negativo nos dividendos, demonstrou seu valor ao possibilitar a distribuição de proventos mesmo em um trimestre de resultados negativos. Essa reserva permitiu que a Petrobras mantivesse seu compromisso com a política de remuneração ao acionista, proporcionando um retorno significativo aos investidores em um momento de incerteza.
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No campo dos investimentos, a Petrobras revisou para baixo sua projeção de Capex para 2024, reduzindo o intervalo para entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões, em comparação com a estimativa anterior de US$ 18,5 bilhões. Esse ajuste ocorreu principalmente no segmento de Exploração e Produção (E&P), mas a empresa afirmou que não espera impacto na curva de produção de petróleo apesar do corte nos aportes. A redução no Capex reflete uma abordagem mais cautelosa da empresa em relação aos investimentos, priorizando a alocação eficiente de recursos em projetos de maior retorno e menor risco.
A empresa também informou que encerrou o segundo trimestre com uma dívida bruta de US$ 59,6 bilhões, uma alta de 2,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, permanecendo dentro do intervalo de referência de US$ 50 bilhões a US$ 65 bilhões. Mesmo com o aumento na dívida, a Petrobras manteve um perfil de endividamento saudável, com um prazo médio de 11,76 anos e um custo médio de 6,6% ao ano. A gestão ativa da dívida e a manutenção de um nível de alavancagem controlado são parte da estratégia da Petrobras para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo.