No 2º trimestre de 2024, a Embraer (EMBR3) apresentou resultados sólidos em termos de receita e entregas, mas enfrentou desafios significativos no fluxo de caixa. Com um aumento notável na receita de 76% em relação ao trimestre anterior, a empresa totalizou R$7,8 bilhões em receitas, impulsionada principalmente pela Aviação Comercial. Apesar desses avanços, o fluxo de caixa livre ajustado foi negativo em R$(1,1) bilhão, destacando a necessidade de preparação para um volume maior de entregas no segundo semestre de 2024.
Produção e Vendas
Durante o 2T24, a Embraer entregou um total de 47 jatos, dos quais 27 foram jatos executivos (20 leves e 7 médios), 19 jatos comerciais e um cargueiro multimissão C-390 Millennium para a Defesa. Este número representa um aumento de 88% em comparação com as 25 aeronaves entregues no 1T24. A Aviação Comercial destacou-se com um crescimento de 12% em entregas em comparação ao mesmo período do ano anterior, refletindo a forte demanda e eficiência operacional da empresa.
A carteira de pedidos firmes da Embraer alcançou US$21,1 bilhões no 2T24, o maior nível dos últimos sete anos, representando um aumento de mais de 20% ano a ano. Esse aumento reflete a confiança contínua dos clientes na capacidade da Embraer de fornecer aeronaves de alta qualidade e suporte pós-venda.
Indicadores Financeiros: A receita da Embraer no 2T24 foi de R$7,8 bilhões, um aumento de 76% em relação ao trimestre anterior, com a Aviação Comercial sendo o principal impulsionador desse crescimento, registrando um aumento de 190% em receitas. O EBIT ajustado atingiu R$725,5 milhões, com uma margem de 9,2%, comparado a R$33,8 milhões e uma margem de 0,8% no 1T24.
No entanto, o fluxo de caixa livre ajustado foi negativo em R$(1,1) bilhão, refletindo a preparação para um número maior de entregas no segundo semestre de 2024. Esse déficit destaca os desafios enfrentados pela empresa em equilibrar a expansão e a gestão eficiente de capital de giro.
Custos e Despesas: As despesas operacionais ajustadas da Embraer no 2T24 incluíram gastos significativos com desenvolvimento e manutenção. A empresa investiu R$498,9 milhões no trimestre, um aumento em relação aos R$449,8 milhões do mesmo período do ano anterior. Esses investimentos foram direcionados ao crescimento em serviços de treinamento, manutenção e aviação executiva.
Além disso, as despesas de capital totalizaram R$241,1 milhões, enquanto as adições líquidas ao programa de pool de peças de reposição somaram R$57,8 milhões. As adições líquidas a intangíveis fecharam o período em R$145,4 milhões, e os investimentos em pesquisa foram de R$54,6 milhões.
Desempenho por Segmento: A Aviação Comercial foi o destaque no 2T24, com um crescimento de 12% em entregas em comparação ao 2T23. A receita dessa unidade aumentou 190% em relação ao trimestre anterior, refletindo a robusta demanda por aeronaves comerciais.
Na Aviação Executiva, a receita foi de R$1,8 bilhão, uma queda de 4% em relação ao 2T23 devido ao menor número de entregas e mix de produtos. No entanto, a margem EBIT ajustada dessa divisão melhorou de 8,6% no 2T23 para 11,4% no 2T24.
A Defesa e Segurança também apresentou desempenho sólido, com receita de R$982 milhões, um aumento de 140% em relação ao 2T23. Esse crescimento foi impulsionado pelo maior volume de entregas do C-390 Millennium.
Alocação de Capital: A Embraer investiu de forma significativa no 2T24, com um total de R$724,1 milhões investidos, incluindo R$225,2 milhões pela Eve, uma subsidiária da empresa. Esses investimentos foram direcionados para acréscimos líquidos de intangíveis e pesquisa e desenvolvimento.
Apesar dos investimentos robustos, a empresa registrou um fluxo de caixa livre ajustado negativo de R$(1,1) bilhão, evidenciando a necessidade de gestão eficaz do capital de giro para sustentar a expansão e atender à demanda crescente.
Mudanças Estratégicas: A Embraer reiterou suas estimativas para 2024, prevendo entregas de 72 a 80 aeronaves na Aviação Comercial e de 125 a 135 aeronaves na Aviação Executiva. A receita total da empresa está projetada entre US$6,0 e US$6,4 bilhões, com margem EBIT ajustada entre 6,5% e 7,5%. Além disso, a empresa espera um fluxo de caixa livre ajustado de US$220 milhões ou mais para o ano.
A administração da Embraer acredita que as estimativas atuais ainda são válidas e representam oportunidades e riscos equilibrados para as operações do ano vigente. No entanto, a empresa continua enfrentando desafios relacionados à gestão do capital de giro e à preparação para um maior volume de entregas no segundo semestre de 2024.
Considerações Finais: Os resultados do 2T24 da Embraer mostram um desempenho sólido em termos de receita e entregas, mas destacam desafios significativos na gestão do fluxo de caixa e capital de giro. Com investimentos robustos e um aumento na carteira de pedidos, a empresa está bem posicionada para capitalizar a demanda crescente no setor de aviação. No entanto, a necessidade de equilibrar a expansão com a eficiência operacional será crucial para sustentar o crescimento a longo prazo.