O resultado da Petrobras referente ao segundo trimestre de 2025 (2T25) revelou um cenário misto para a estatal. A empresa registrou lucro líquido de R$ 26,652 bilhões, representando uma queda de 24,3% em relação ao primeiro trimestre, quando havia reportado ganhos de R$ 35,2 bilhões. A retração foi influenciada principalmente pela desvalorização de 10,4% no preço médio do barril de petróleo Brent e por maiores despesas operacionais, incluindo provisões ligadas a acordos específicos no segmento de exploração e produção.
Mesmo com a queda no lucro, o desempenho operacional mostrou força. O fluxo de caixa operacional foi de R$ 42,4 bilhões e o fluxo de caixa livre atingiu R$ 19,2 bilhões. Já o EBITDA ajustado totalizou R$ 52,2 bilhões, queda de 14,5% na comparação com o trimestre anterior. Sem eventos não recorrentes, esse indicador teria alcançado R$ 57,9 bilhões.
Produção recorde sustenta operação
O destaque positivo do resultado da Petrobras no trimestre foi a produção média de óleo e LGN, que alcançou 2,32 milhões de barris por dia. O número representa um avanço de 5% em relação ao 1T25, impulsionado pela entrada em operação e pelo ramp-up de novas plataformas, como o FPSO Alexandre de Gusmão (Mero 4), e pela melhoria de desempenho de unidades como o Marechal Duque de Caxias e o Almirante Tamandaré.
Além disso, o lifting cost – indicador que mede o custo de extração por barril – caiu para US$ 5,96 por barril de óleo equivalente (boe), patamar mais baixo desde o segundo trimestre de 2023. No pré-sal, a competitividade foi ainda maior, com custo de US$ 3,83/boe, reforçando a vantagem dos ativos de alta produtividade.
Impacto por segmento de negócios no resultado da Petrobras
O segmento de Exploração e Produção (E&P) registrou lucro bruto de R$ 44,2 bilhões, refletindo o impacto negativo do Acordo de Individualização da Produção (AIP) de Jubarte e da queda do Brent.
Em Refino, Transporte e Comercialização, houve crescimento nas vendas de gasolina e gás liquefeito de petróleo (GLP). No entanto, o lucro operacional caiu para R$ 1,9 bilhão devido ao aumento dos custos de exportação e de importação de derivados.
Já o segmento de Gás e Energias de Baixo Carbono foi o que apresentou melhor desempenho proporcional, com lucro bruto de R$ 5,8 bilhões, alta de 35,7% em relação ao trimestre anterior. Essa evolução foi puxada pelo aumento no processamento de gás nacional e pela redução das importações.
Dividendos e remuneração ao acionista
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou a distribuição de R$ 8,7 bilhões em dividendos referentes ao 2T25. O pagamento será realizado em datas ainda a definir e reforça o compromisso da Petrobras com a geração de valor ao acionista.
A política de dividendos continua atrelada à geração de fluxo de caixa livre e ao nível de endividamento. Sempre que a dívida bruta se mantém igual ou inferior a US$ 75 bilhões, a empresa distribui pelo menos 45% do caixa livre gerado no período.
Investimentos e novos projetos
Os investimentos no trimestre somaram US$ 4,4 bilhões, crescimento de 9% sobre o trimestre anterior. A maior parte foi destinada ao desenvolvimento da produção no pré-sal da Bacia de Santos e à construção de novas unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência (FPSOs), como a P-78 e a Búzios 7.
O setor de refino também recebeu aportes relevantes, com destaque para projetos voltados ao aumento da produção de diesel S-10 e melhorias operacionais nas refinarias existentes.
Endividamento e liquidez
A dívida bruta encerrou o trimestre em US$ 68,1 bilhões, com o índice dívida líquida/EBITDA ajustado em 1,53 vezes. Esse patamar mantém a alavancagem da Petrobras sob controle e dentro dos limites definidos em seu Plano Estratégico.
As disponibilidades ajustadas somaram R$ 51,8 bilhões, assegurando liquidez para cobrir obrigações de curto prazo e financiar parte dos investimentos previstos para o próximo período.
Cenário de preços e mercado internacional
O resultado da Petrobras no 2T25 foi fortemente impactado pelo comportamento do mercado internacional de petróleo. A queda do Brent para patamar médio de US$ 78 por barril reduziu a receita no segmento de E&P, enquanto a valorização do real frente ao dólar também exerceu pressão sobre as exportações.
Ao mesmo tempo, a volatilidade geopolítica manteve os preços dos combustíveis no mercado interno relativamente estáveis, evitando repasses mais agressivos ao consumidor final, mas comprimindo margens de refino.
Perspectivas para o segundo semestre
Para o terceiro trimestre de 2025, a Petrobras espera um leve alívio no cenário de preços internacionais, com estabilização do Brent e manutenção da taxa de câmbio em patamares favoráveis às exportações. Novas unidades de produção devem entrar em operação, ampliando a capacidade e reduzindo custos médios.
O foco permanece na disciplina financeira, no aumento da eficiência operacional e na execução de projetos estratégicos no pré-sal. A política de distribuição de dividendos segue como ponto de atenção para investidores, especialmente diante do cenário de volatilidade global e das possíveis oscilações no mercado de petróleo.
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