O Primeiro-Ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou que deixará o cargo em setembro de 2024, encerrando um mandato de três anos marcado por escândalos políticos e pressões econômicas. Em uma conferência de imprensa transmitida pela televisão, Kishida declarou que não buscará a reeleição como líder do Partido Liberal Democrata (PLD), o que desencadeará uma disputa para escolher seu sucessor, que assumirá a liderança da terceira maior economia do mundo.
Desgaste Político e Escândalos
A decisão de Kishida foi influenciada por uma série de revelações que abalaram sua popularidade e minaram sua liderança. Entre os fatores que contribuíram para o desgaste estão as relações do PLD com a controversa Igreja da Unificação e doações políticas não registradas em eventos de arrecadação de fundos do partido. Esses escândalos corroeram o apoio público a Kishida, levando à percepção de que sua reeleição seria improvável.
Michael Cucek, professor especializado em política japonesa na Temple University em Tóquio, comentou que Kishida estava “praticamente derrotado há algum tempo” e que não havia uma forma viável de garantir sua reeleição.
Desafios para o Sucessor
O sucessor de Kishida no PLD enfrentará desafios significativos, incluindo a necessidade de unificar um grupo governante fragmentado e lidar com a escalada dos custos de vida. Além disso, o novo líder terá que navegar as crescentes tensões geopolíticas com a China e o potencial retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025.
Durante seu mandato, Kishida guiou o Japão na recuperação da pandemia de COVID-19 por meio de estímulos econômicos em larga escala. No entanto, sua nomeação de Kazuo Ueda para liderar o Banco do Japão marcou uma mudança em relação ao estímulo monetário radical de seu antecessor. Em julho de 2024, o Banco do Japão aumentou inesperadamente as taxas de juros, contribuindo para a instabilidade do mercado de ações e a desvalorização do iene.
Impacto Econômico e Futuro Político
A saída de Kishida pode sinalizar mudanças nas condições fiscais e monetárias do Japão, dependendo do candidato escolhido para sucedê-lo. Shoki Omori, estrategista-chefe da Mizuho Securities, em Tóquio, alertou que ativos de risco, particularmente ações, podem ser os mais afetados.
Além disso, Kishida se distanciou das políticas econômicas tradicionais focadas em lucros corporativos, preferindo medidas voltadas para o aumento da renda das famílias, incluindo aumentos salariais e a promoção da propriedade de ações.
Com a saída de Kishida, o Japão entra em um período de incertezas, tanto no cenário econômico quanto no político, enquanto o país se prepara para escolher seu próximo líder e enfrentar os desafios que se avizinham.