A população da China enfrentou uma possível redução pelo segundo ano consecutivo em 2023, revelando-se um reflexo do aumento nas mortes relacionadas à COVID-19. Após o país encerrar abruptamente os rigorosos bloqueios, as mortes por COVID-19 contribuíram para o declínio populacional, enquanto a falta de confiança nas perspectivas econômicas continuou a deprimir as taxas de natalidade.
De acordo com estimativas demográficas, dados de 17 de janeiro indicam que o número de nascimentos em 2023 ficou abaixo dos 9,56 milhões registrados em 2022. Questões persistentes, como desigualdade de gênero e altos custos com cuidados infantis, permaneceram sem solução, contribuindo para a redução na taxa de natalidade, que vem declinando desde 2016.
Fatores adicionais, como o aumento do desemprego juvenil, a queda nos salários de funcionários públicos e profissionais de colarinho branco, juntamente com a crise imobiliária, contribuíram para desencorajar a criação de filhos. O impacto negativo desses elementos levanta preocupações sobre o crescimento econômico da segunda maior economia do mundo, à medida que a diminuição do número de trabalhadores e consumidores coloca pressão adicional sobre os governos locais endividados.
Especialistas apontam que a recuperação econômica mais lenta do que o esperado, juntamente com a incerteza futura, desempenha um papel significativo na fertilidade, superando os efeitos positivos do levantamento das restrições da COVID-19. Além disso, há suspeitas sobre a transparência dos dados devido a crematórios sobrecarregados e a pressão para não classificar as mortes como relacionadas à COVID-19.
O envelhecimento demográfico rápido é um desafio adicional que a China enfrenta, com previsões de que o número de pessoas com mais de 60 anos aumentará significativamente até 2035. A discriminação de gênero e as expectativas de que as mulheres assumam papéis de cuidadoras também são citadas como fatores desencorajadores para a procriação.
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Embora o governo tenha implementado medidas para incentivar o parto, como deduções fiscais, licença de maternidade mais prolongada e subsídios de habitação, as taxas de casamento em 2022 atingiram o nível mais baixo desde 1979, indicando um desafio persistente na promoção da natalidade. A taxa de fertilidade em 2022 foi registrada em um mínimo recorde de 1,09, entre as mais baixas do mundo.
A divulgação de dados populacionais é considerada tanto uma questão demográfica quanto um evento político na China, destacando a complexidade dessa situação. A queda populacional torna-se ainda mais crítica diante da previsão de um declínio contínuo, levando especialistas a enfatizar a urgência de políticas que revertam o declínio de nascimentos por meio de generosos subsídios familiares.