As ações da Raízen (RAIZ4) vivem um dos momentos mais delicados de sua história recente. Em agosto, os papéis acumulam uma queda de 27,46%, ampliando para 52,31% a desvalorização em 2025. O resultado do primeiro trimestre do ano safra 2025/26, com prejuízo de R$ 1,8 bilhão, pressionou ainda mais as cotações, levando a ação a se aproximar da casa dos centavos.
A derrocada foi acentuada pela combinação de alta alavancagem (dívida líquida/Ebitda em torno de 4,5×), impactos climáticos, estoques pressionando margens na divisão de combustíveis e problemas de manutenção em ativos na Argentina.
No entanto, rumores de um suposto interesse da Petrobras (PETR4) na companhia chegaram a animar o mercado no início da semana. As ações dispararam 10% em um único pregão, mas devolveram todos os ganhos após a estatal negar qualquer movimento nesse sentido, fechando com queda de 9,5% no dia seguinte.
O que dizem os analistas
Apesar das dificuldades, analistas apontam sinais positivos nos resultados: o Ebitda ajustado ficou em torno de R$ 1,9 bilhão, dentro das expectativas, e houve redução das despesas gerais e administrativas, além de ganhos em eficiência operacional.
O Bradesco BBI e o BTG Pactual mantêm recomendação de compra, com preço-alvo entre R$ 2,00 e R$ 3,00. Já o UBS BB adota postura neutra, com target de R$ 1,50. Segundo a LSEG, entre 11 corretoras que acompanham a ação, 7 recomendam compra e 4 manutenção, com preço-alvo médio de R$ 2,49 — o que indica um potencial de alta de 141% frente ao fechamento mais recente em R$ 1,03.
Ainda assim, a pressão técnica segue intensa, e a ação está próxima de se tornar uma penny stock, caso perca o nível psicológico de R$ 1,00, o que exigiria medidas de reenquadramento junto à B3.
Análise técnica: para onde pode ir RAIZ4
No gráfico diário, a tendência é claramente de baixa. O papel fechou a última sessão em R$ 1,03, distante das médias de 9 e 21 períodos. O IFR em 24,75 indica condição de sobrevenda, abrindo espaço para repiques, mas sem sinal de reversão consistente.
-
Suportes de curto prazo: R$ 1,01 (mínima recente), seguido por R$ 0,94, R$ 0,89 e R$ 0,80.
-
Resistências imediatas: R$ 1,06 (máxima do pregão anterior), R$ 1,15/1,21 e R$ 1,30/1,44.
No gráfico semanal, a situação é ainda mais crítica. Agosto deve marcar o terceiro mês consecutivo de perdas, reforçando a força vendedora. O IFR em 24,55 também sugere sobrevenda, mas sem sinal claro de reação.
-
Suportes mais longos: R$ 0,83/0,75, R$ 0,67 e, em cenário extremo, R$ 0,50.
-
Resistências de médio prazo: R$ 1,35/1,65, R$ 2,23/2,70 e a média de 200 períodos em R$ 3,46.
Vale comprar Raízen (RAIZ4) agora?
Do ponto de vista fundamentalista, a ação parece atrativa para investidores com maior tolerância ao risco. O preço-alvo médio de R$ 2,49 mostra espaço relevante para valorização. Entretanto, o alto endividamento, os desafios operacionais e o cenário adverso no setor de biocombustíveis tornam a tese arriscada.
Já na análise técnica, o viés segue fortemente baixista. O rompimento da mínima em R$ 1,01 pode acelerar quedas rumo à faixa de R$ 0,80, enquanto uma eventual recuperação só ganha força acima de R$ 1,21.
Para investidores de perfil conservador, a recomendação é aguardar sinais mais claros de reversão. Já para quem busca oportunidades de risco/retorno elevado, o papel pode ser visto como uma aposta especulativa de curto prazo, principalmente se houver repiques a partir da região de sobrevenda.