Setor de Construção Civil – Média/Alta
O Setor de Construção Civil – Média/Alta renda tem sido marcado por discussões em torno das taxas de juros, que têm chamado a atenção dos investidores ultimamente. Com a perspectiva de um ciclo de queda de juros no Brasil, torna-se relevante analisar o impacto dessas reduções para as construtoras de média/alta renda. Essas empresas são consideradas uma aposta interessante para se beneficiar de juros mais baixos e têm apresentado bom desempenho recentemente. Neste relatório, abordamos informações importantes sobre como as taxas de juros afetam os financiamentos, hipotecas e valuations dessas construtoras, além de revisar nossas estimativas para as empresas que cobrimos no segmento.
O setor depende, em grande parte, de fontes de financiamento que operam em “taxas fixas”. A maior parte dos recursos para financiamentos (seja para obras ou imóveis) provém de cadernetas de poupança, que remuneram à taxa fixa de TR + 6% a.a. (quando a taxa Selic está acima de 8,5% a.a.) ou 70% da taxa Selic (quando a Selic está abaixo de 8,5% a.a.). Com a taxa Selic atual em 13,75% a.a. e com expectativas de queda para cerca de 12% até o final de 2023 e 9% até o final de 2024, prevê-se que o custo de financiamento se manterá elevado por mais algum tempo.
Além dos custos de captação mais altos, o setor enfrenta o desafio do escasseamento de financiamento, uma vez que os investidores têm buscado outras opções de investimento em detrimento das cadernetas de poupança. Isso levou à escassez de recursos disponíveis para o setor, tornando os bancos mais seletivos na concessão de hipotecas e financiamento de novos projetos, além de elevar as taxas de hipoteca.
É importante destacar que empresas com menor alavancagem podem ser favorecidas nesse cenário. Ainda que possa parecer mais óbvio investir em empresas mais alavancadas quando as taxas de juros estão caindo, a maior parte da dívida do setor já está “fixada”, o que limita o potencial de retorno com a redução da dívida. Empresas com menor endividamento têm a vantagem de poder aumentar os lançamentos mais rapidamente em um cenário macroeconômico mais favorável e também podem elevar os preços de venda, uma vez que costumam ter estoques menores.
Serviços Básicos
No cenário de Serviços Básicos, as Geradoras e Distribuidoras estão previstas para apresentar resultados positivos no 2T23. As Geradoras, especialmente as hidrelétricas, deverão ter um trimestre sólido, beneficiadas por chuvas mais fortes que levaram a menores custos de compra de energia em relação ao mesmo período do ano anterior. Os geradores eólicos devem ter resultados mistos, dependendo da localização dos ativos e do desempenho operacional.
Contudo, a maioria dos players eólicos deverá divulgar volumes de geração mais altos em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, impulsionados pelo início operacional de novos projetos e/ou consolidação de ativos adquiridos recentemente. Os geradores térmicos devem registrar mais um trimestre com despacho térmico próximo de zero. Quanto às empresas de distribuição, a expectativa é de resultados fortes, com desempenho operacional sólido, redução de perdas de energia, inadimplência controlada e crescimento estável/pequeno em volume. Já as empresas de saneamento devem apresentar custos operacionais estáveis após vários trimestres de pressões inflacionárias, e os players de transmissão não devem trazer surpresas significativas em seus resultados.