Pesquisas divulgadas pelos principais institutos de opinião, como PoderData, Datafolha, Ipec e Paraná Pesquisas, apontam uma expressiva queda na popularidade de Lula desde o início de seu terceiro mandato como presidente. Os dados comparativos entre os primeiros levantamentos, feitos logo após a posse em janeiro de 2023, e os mais recentes, realizados em dezembro de 2024, indicam uma piora significativa na avaliação do governo.
A palavra “reconstrução” marcou discursos do atual presidente ao assumir o cargo, mas os números mostram que o objetivo de ampliar o apoio popular esbarrou em desafios econômicos e políticos ao longo do ano.
Números que reforçam a queda na popularidade de Lula
O levantamento do PoderData, feito entre 14 e 16 de dezembro de 2024, revelou que apenas 27% dos entrevistados consideram o governo “ótimo/bom”, um recuo de 16 pontos percentuais em relação aos 43% registrados na primeira pesquisa em janeiro de 2023. Já o índice de “ruim/péssimo” subiu para 33%, contra 29% no início do mandato.
O Datafolha também apresentou um cenário semelhante: a aprovação do governo passou de 38% para 35%, enquanto a reprovação aumentou de 29% para 34%.
O Ipec registrou uma queda de 7 pontos percentuais na avaliação positiva, que recuou de 41% para 34%. A pesquisa da Quaest, realizada em dezembro de 2024, indicou uma redução ainda mais acentuada: de 40% para 33% de aprovação, enquanto a desaprovação saltou de 20% para 31%.
Outro destaque é a pesquisa da Paraná Pesquisas, que indicou que o percentual de “ótimo/bom” caiu de 40% para 33%, com um aumento expressivo na reprovação, que chegou a 42%, uma das maiores entre os levantamentos analisados.
Fatores que influenciaram a queda na popularidade de Lula
- Desafios econômicos persistentes
Apesar de uma leve redução na inflação em alguns meses de 2024, os altos juros continuam impactando diretamente o consumo das famílias e o setor produtivo. Com uma taxa básica de juros (Selic) elevada, a recuperação econômica ficou mais lenta, afetando a percepção popular sobre a gestão econômica do governo. - Política fiscal e aumento de gastos
O governo também enfrentou críticas em relação ao aumento de despesas públicas, como os gastos extraordinários no fim de 2024, que somaram mais de R$ 6 bilhões para projetos emergenciais. Apesar de algumas dessas medidas serem justificadas por situações excepcionais, como enchentes no Rio Grande do Sul, analistas apontam que elas reforçam a ideia de um governo com perfil “gastador”. - Dificuldades políticas e crises internas
A relação com o Congresso também tem sido marcada por tensões e dificuldades na aprovação de pautas prioritárias. Crises internas e debates polêmicos, como as medidas de ampliação de programas sociais e ajustes orçamentários, contribuíram para a perda de apoio de parte do eleitorado. - Comunicação e percepção pública
A comunicação do governo foi apontada como um dos pontos fracos, segundo analistas políticos. Em muitos momentos, a população não foi informada de forma clara sobre os impactos e objetivos das principais políticas, o que pode ter contribuído para uma queda na confiança no governo.
Comparações com mandatos anteriores
O cenário atual lembra momentos críticos de governos anteriores, como em 2015, quando a ex-presidente Dilma Rousseff enfrentou uma queda brusca de popularidade devido a crises econômicas e políticas. Entretanto, analistas ressaltam que o contexto de 2024 tem suas particularidades, sobretudo pela influência das questões internacionais e pelo aumento da polarização política no Brasil.
Ainda assim, o resultado das pesquisas reforça que o governo precisa adotar medidas mais estratégicas para reverter o descontentamento e melhorar os índices de aprovação.
Expectativas para 2025
O governo Lula inicia 2025 com grandes desafios, mas também com oportunidades. Entre as medidas esperadas estão a ampliação do programa de habitação popular e novos investimentos em infraestrutura, saúde e educação. A aprovação de políticas que estimulem a geração de empregos e a redução das desigualdades será fundamental para recuperar a confiança da população.
Outro ponto importante será a capacidade de negociar com o Congresso e aprovar reformas que possam contribuir para a estabilidade econômica sem comprometer os limites fiscais. A condução das políticas públicas em um ano marcado por eventos importantes, como a COP 30 em Belém, também será decisiva para reforçar a imagem do governo no cenário internacional e nacional.
As pesquisas evidenciam a queda na popularidade de Lula em todos os principais institutos de pesquisa ao longo de 2024. A perda de apoio, que em alguns casos ultrapassou 10 pontos percentuais, reflete um ano desafiador para o governo em termos econômicos e políticos.
Embora parte da queda possa ser atribuída a fatores externos, como o cenário global de juros elevados, especialistas alertam que a recuperação da confiança popular dependerá de resultados concretos e de uma comunicação mais clara e eficiente com a sociedade.
Nota: Os dados apresentados nesta matéria foram obtidos com base nas pesquisas divulgadas pelo site Poder360.