A produção nas fábricas dos Estados Unidos sofreu um declínio significativo em julho, devido a uma combinação de fatores que incluíram a queda na produção de veículos automotores e as interrupções causadas pelo furacão Beryl. De acordo com o relatório divulgado pelo Federal Reserve na quinta-feira, a produção fabril registrou uma queda de 0,3% no mês passado, um resultado abaixo das expectativas do mercado.
Revisão dos Dados e Expectativas do Mercado
Os dados de junho também foram revisados para baixo, com a produção fabril mantida inalterada, ao contrário do aumento de 0,4% inicialmente reportado. Economistas consultados pela Reuters esperavam que a produção fabril caísse 0,2% em julho, mas o resultado final superou essa previsão, refletindo a extensão dos desafios enfrentados pela indústria de manufatura dos EUA.
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Em termos anuais, a produção fabril subiu modestamente, registrando um aumento de 0,1% em julho. No entanto, a manufatura, que representa cerca de 10,3% da economia americana, continua a ser prejudicada por uma série de fatores, incluindo os altos custos de empréstimos, que têm limitado a expansão do setor.
Impacto no Setor Automotivo e Bens Duráveis
Um dos segmentos mais afetados foi a produção de veículos automotores e peças, que caiu 7,8% em julho, após um aumento marginal de 0,3% em junho. O Federal Reserve destacou que a produção de automóveis foi um dos principais fatores que pressionaram a produção industrial como um todo, com um impacto negativo de 0,6%. Além disso, o furacão Beryl foi responsável por uma queda adicional de 0,3% na produção, devido a paradas antecipadas em várias plantas industriais, principalmente na região sul dos EUA, onde o furacão causou interrupções significativas.
A produção de bens duráveis também registrou uma queda de 0,9% no mês, com o declínio na produção de veículos automotores superando os ganhos em outros setores, como produtos de informática e eletrônicos, máquinas e metais primários. Esses dados sugerem que, apesar de alguns avanços em certas áreas, o setor de manufatura como um todo continua a enfrentar dificuldades consideráveis.
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Setores de Bens Não Duráveis e Mineração
Por outro lado, a produção de bens não duráveis cresceu 0,4% em julho, impulsionada principalmente por aumentos na produção de produtos de petróleo e carvão, bem como de papel. Esses ganhos ajudaram a mitigar, em parte, as quedas observadas em outros setores.
A produção de mineração, que inclui a extração de petróleo e gás, permaneceu inalterada em julho, após uma leve queda de 0,1% em junho. A falta de crescimento neste setor foi atribuída às paradas antecipadas nas indústrias petroquímicas e relacionadas, em preparação para o furacão Beryl, que afetou a capacidade de produção e a logística de distribuição.
Produção de Serviços Públicos e Utilização da Capacidade Industrial
A produção de serviços públicos, que havia registrado um aumento de 2,6% em junho, caiu 3,7% em julho. Essa queda foi significativa e contribuiu para o declínio geral na produção industrial, que caiu 0,6% no mês, revertendo o ganho de 0,3% observado em junho.
Outro indicador importante, a utilização da capacidade do setor industrial, que mede o quanto as empresas estão utilizando seus recursos produtivos, caiu de 78,4% em junho para 77,8% em julho. Este nível de utilização está 1,9 ponto percentual abaixo da média histórica de 1972-2023, indicando uma subutilização dos recursos industriais do país. No setor de manufatura, a taxa de utilização da capacidade também caiu, de 77,5% em junho para 77,2% em julho, ficando 1,1 ponto percentual abaixo da média de longo prazo.
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Perspectivas e Desafios
A queda na produção industrial em julho sublinha os desafios contínuos enfrentados pela economia dos EUA, especialmente em um contexto de custos de empréstimos elevados e condições climáticas adversas. O impacto do furacão Beryl e a queda na produção automotiva são exemplos claros das vulnerabilidades do setor manufatureiro a fatores externos.
À medida que o Federal Reserve e outras autoridades econômicas avaliam esses dados, pode haver uma reavaliação das políticas monetárias e fiscais para apoiar o crescimento industrial. No entanto, os altos custos de empréstimos e a incerteza econômica global continuam a ser barreiras significativas para uma recuperação robusta do setor.
Em resumo, o relatório de julho do Federal Reserve destaca uma retração na produção industrial dos EUA, com impactos significativos no setor automotivo e em bens duráveis. Essa desaceleração coloca em evidência os desafios estruturais que a economia enfrenta, exigindo uma resposta coordenada para evitar uma recessão mais profunda no setor industrial.