A produção industrial da China avançou 5,8% em maio na comparação anual, segundo dados do governo divulgados na segunda-feira. Embora ainda apresente crescimento, o desempenho ficou abaixo das expectativas de 5,9% e do aumento de 6,1% observado em abril.
A desaceleração se deve, em grande parte, à redução significativa nas encomendas externas. As tarifas comerciais elevadas impostas pelos EUA continuaram a afetar a demanda pelas exportações chinesas. Por outro lado, houve um alívio pontual após o acordo de Washington e Pequim para redução temporária dessas tarifas.
Contribuição das exportações e do mercado interno
Enquanto a demanda externa freou a produção industrial da China, o consumo doméstico proporciona alívio parcial. A fraqueza exportadora foi compensada por maior demanda em outros mercados, estabilidade em algumas indústrias e estímulos governamentais.
Já as vendas no varejo sofreram um impulso considerável: crescimento de 6,4% em maio frente ao mesmo mês de 2024, bem acima da projeção de 5%.
Varejo chinês impulsionado por eventos e subsídios
O forte desempenho no varejo foi impulsionado por eventos de compras no feriado de 1º de maio e vendas online promovidas por gigantes como Alibaba e JD.com. Além disso, os subsídios governamentais para eletrônicos ajudaram a incentivar o consumo.
Essa recuperação das vendas no varejo reforça a esperança de que o consumo interno está retomando seu papel de contrapeso, especialmente num cenário global de incertezas comerciais.
Panorama misto para a economia chinesa
Outros indicadores divulgados apontam um quadro misto:
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Investimento em ativos fixos: subiu apenas 3,7% em maio, abaixo das expectativas de 4%.
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Taxa de desemprego: recuou de 5,1% para 5%, apontando melhora no mercado de trabalho.
A produção industrial da China ainda enfrenta pressionamentos externos, especialmente por tarifas americanas, mas a leve queda na taxa de desemprego oferece sinais positivos.
Expectativas para os próximos meses
O mercado segue atento à possibilidade de um acordo comercial permanente entre EUA e China. A retomada do crescimento das exportações seria crucial para restaurar o ritmo da produção industrial. Porém, se as vendas no varejo seguirem firmes, a economia chinesa pode manter estabilidade, mesmo diante de dificuldades externas.
Essa combinação de fatores – desaceleração da produção industrial, recuperação do varejo e melhora no emprego – aponta para um cenário de transição, em que a economia chinesa se ajusta à nova dinâmica global.