A produção industrial brasileira encerrou novembro de 2024 com queda de 0,6% em relação ao mês anterior, marcando o segundo mês consecutivo de retração e um retorno acumulado de 0,8% em dois meses. Apesar do resultado negativo no curto prazo, em comparação com novembro de 2023, o setor ainda apresentou crescimento de 1,7%, alcançando o sexto mês seguido de alto anual.
Desempenho Mensal da Produção Industrial Brasileira
De acordo com o relatório da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, o resultado de novembro foi influenciado pela queda em 19 dos 25 ramos industriais desenvolvidos. As atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias tiveram destaque negativo, com recuo de -11,5%, sendo o maior responsável pela retração do índice geral.
Além disso, o setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis registraram queda de 3,5%, reforçando o impacto de itens essenciais para a cadeia produtiva nacional.
Ramo Industrial | Variação em Novembro (%) |
---|---|
Veículos automotivos, reboques e carrocerias | -11,5% |
Coque e biocombustíveis | -3,5% |
Bens semi e não perigoso | -2,8% |
Cenário de Longo Prazo
Desde o início de 2024, a produção industrial brasileira acumula alta de 3,2% e, nos últimos 12 meses, registra avanço de 3,0%. Com isso, o setor se mantém 1,8% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda se encontra 15,1% abaixo do recorde histórico de maio de 2011.
Apesar das últimas meses, o cenário anual mostra um perfil mais divulgado de crescimento, com 21 dos 25 ramos industriais apresentando taxas positivas ao longo do ano.
Indicadores Anuais da Produção Industrial (2024)
Período | Variação Anual (%) |
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Novembro | +1,7% |
Acumulado em 12 meses | +3,0% |
Acumulado no ano | +3,2% |
Impacto nas Categorias Econômicas
As quatro grandes categorias econômicas tiveram comportamento distinto:
- Bens de consumo semi e não contidos: Queda de -2,8% devido ao retorno em itens como álcool etílico, alimentos e bebidas, que foram afetados por condições climáticas adversas.
- Bens compostos: Sofreram influência na redução na produção de automóveis e eletrodomésticos.
- Bens intermediários: Apresentaram um nível de recuperação, mas mantiveram-se estáveis em comparação com os meses anteriores.
- Bens de capital: Indicaram nível de oscilação, refletindo a desaceleração em setores como construção civil e máquinas industriais.
Fatores que afetaram a Produção Industrial em Novembro
1. Base de comparação elevada
A indústria brasileira registrou dois meses consecutivos de crescimento expressivo, com uma alta acumulada de 12,7%. Isso elevou a base de comparação, tornando mais difícil sustentar o mesmo ritmo de expansão.
2. Condições climáticas
A queda na produção de etanol foi um reflexo das condições climáticas adversas, que impactaram a colheita e o processamento da cana-de-açúcar em diversas regiões.
3. Desempenho da cadeia automotiva
A retração de -11,5% no setor de veículos automotores reflete a redução na produção de caminhões e autopeças, além da queda na demanda por automóveis.
Produção Industrial em Perspectiva Regional
O desempenho da produção industrial também varia conforme a região:
Região | Variação Mensal (%) |
---|---|
Sudeste | -0,4% |
Sul | -0,7% |
Nordeste | -1,2% |
Norte | -0,9% |
Comparação com 2023: Sinais de Recuperação
Na comparação anual, o crescimento de 1,7% reforça uma trajetória de recuperação, ainda que moderada. Em novembro de 2023, a produção industrial já havia registrado uma alta de 1,4%, o que elevou as expectativas para o ano seguinte.
Segundo André Macedo, gerente do PIM Brasil, o cenário reflete não apenas a demanda interna, mas também o aumento das exportações de bens industriais e o efeito-calendário, uma vez que novembro de 2024 teve um dia útil a menos do que o mesmo mês do ano anterior.
Expectativas para 2025
A produção industrial brasileira poderá enfrentar novos desafios em 2025 devido ao cenário global de incertezas econômicas. A valorização do real, a política de juros e a demanda por produtos fabricados podem influenciar o desempenho do setor nos próximos meses.
Os especialistas recomendam atenção aos setores mais sensíveis, como automotivos e bens de consumo não comprometidos, que podem sofrer oscilações mais significativas. Por outro lado, os investimentos em infraestrutura e a modernização de plantas industriais podem estimular o crescimento do setor de bens de capital.