O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos Estados Unidos, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 54,6 em agosto para 54,4 em setembro, de acordo com dados preliminares divulgados nesta segunda-feira (23) pela S&P Global. O resultado ficou abaixo das expectativas dos analistas consultados pela FactSet, que projetavam um avanço para 55,1 no mês. A leitura do PMI acima de 50 ainda indica expansão da atividade econômica, mas o ritmo desacelerou, gerando preocupações sobre o fôlego da economia americana.
Setor Industrial em Destaque Negativo
O setor industrial dos Estados Unidos registrou uma queda mais acentuada. O PMI industrial caiu de 47,9 para 47,0 em setembro, atingindo o menor nível em 15 meses. Esse resultado frustrou as expectativas do mercado, que projetava um PMI de 48,5. Vale destacar que um índice abaixo de 50 indica contração na atividade, o que sugere que a indústria norte-americana enfrenta desafios crescentes.
Essa desaceleração no setor manufatureiro pode estar relacionada ao ambiente econômico global desafiador, marcado por incertezas comerciais e uma demanda externa mais fraca. Além disso, as tensões na cadeia de suprimentos e o aumento dos custos de produção podem estar impactando o desempenho industrial.
Setor de Serviços Mantém Crescimento
O setor de serviços, que é um dos principais motores da economia americana, também registrou um leve recuo, com o PMI caindo de 55,7 em agosto para 55,4 em setembro. Apesar da queda, o resultado ficou acima do consenso de analistas da FactSet, que projetavam um PMI de 55,2 para o mês. Isso indica que, apesar dos desafios, o setor de serviços continua a expandir em um ritmo saudável e tem sido um fator importante para sustentar o crescimento da economia dos EUA.
Sinal de Pressão Inflacionária e a Posição do Fed
Outro dado relevante do relatório é o aumento nos preços médios cobrados por bens e serviços, que registraram o ritmo de crescimento mais rápido dos últimos seis meses. A medida da pesquisa dos preços pagos pelas empresas pelos insumos subiu para 59,1, em comparação com 57,8 no mês anterior. Já o indicador de preços cobrados avançou para 54,7, de 52,9 em agosto.
Esses dados sugerem que a inflação pode estar reacelerando, o que levanta preocupações sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve (Fed). Na semana passada, o Fed reduziu a taxa de juros em 50 pontos-base, para a faixa de 4,75% a 5,00%, na primeira redução nos custos de empréstimos desde 2020. O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou o compromisso do banco central em manter uma taxa de desemprego baixa, mas o recente aumento nos preços pode colocar pressão sobre a autoridade monetária para continuar monitorando a inflação de perto.
Perspectivas para a Economia dos EUA
Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, comentou sobre o cenário atual: “Os primeiros indicadores da pesquisa de setembro apontam para uma economia que continua a crescer em um ritmo sólido. No entanto, uma reaceleração da inflação também é sinalizada, sugerindo que o Fed não pode desviar totalmente o foco de sua meta de inflação enquanto busca sustentar a recuperação econômica.”
A leitura de 54,4 do PMI composto sugere que a economia americana mantém seu impulso de crescimento no terceiro trimestre, alinhando-se com outros relatórios, como as vendas no varejo. No entanto, a incerteza sobre a eleição presidencial de 5 de novembro está pesando sobre o sentimento empresarial, gerando cautela em relação ao futuro.
Comparativo Internacional: Zona do Euro e Reino Unido em Contração
Enquanto os Estados Unidos ainda mantêm um ritmo de crescimento, outros mercados importantes enfrentam desafios mais sérios. O PMI composto da zona do euro e do Reino Unido também apresentou contração em setembro, o que reforça a percepção de que a economia global enfrenta um momento delicado. Na Alemanha, por exemplo, o PMI composto caiu para seu menor nível em 7 meses, enquanto o Reino Unido ficou abaixo das expectativas, indicando que as principais economias europeias estão sob pressão.