A Petrobras (PETR3; PETR4) se prepara para apresentar, em novembro, seu novo plano de negócios para 2026-2030, com destaque para um possível corte de US$ 8 bilhões em custos ao longo de cinco anos. A medida busca ajustar a companhia à queda dos preços do petróleo e ampliar a eficiência operacional, segundo informações do jornal Valor Econômico.
Esse possível redesenho estratégico ocorre em meio a um cenário global desafiador, no qual grandes petroleiras como Shell e BP já vêm priorizando redução de custos e reorganização de portfólios. Para a Petrobras, a revisão também pode abrir espaço para desinvestimentos em ativos maduros, além de fortalecer a política de disciplina de capital.
Onde ocorrerão os cortes da Petrobras?
Os cortes devem se concentrar principalmente em projetos de construção de plataformas. Campos como Barracuda, Caratinga e o SEAP estão no radar da companhia, que pretende reavaliar cronogramas e buscar simplificação de processos.
De acordo com analistas do Bradesco BBI, a maior parte das reduções deve vir de projetos de longo prazo, enquanto ajustes imediatos seriam menos prováveis. A dívida bruta da Petrobras, atualmente em US$ 68 bilhões, próxima ao limite de US$ 75 bilhões, continua sendo um ponto de atenção.
“Em relação à política de dividendos da Petrobras, vemos sua longevidade dependente principalmente dos preços do petróleo, da execução eficiente de investimentos e da reorganização do portfólio”, avaliou o banco em relatório.
Venda de campos maduros no radar
Além do corte de custos, a Petrobras também considera vender campos maduros, movimento já adotado no passado para dar liquidez e enxugar o portfólio.
Para a Genial Investimentos, essa iniciativa, somada à meta de redução de US$ 8 bilhões, é positiva para a tese da companhia, ainda que o ambiente de preços menos atrativos reduza a atratividade desses ativos.
“A venda de campos maduros hoje é mais desafiadora do que quatro anos atrás, mas é uma medida que permite maior foco em áreas estratégicas como o pré-sal e a Margem Equatorial”, destacou a corretora.
Reflexo nas ações da Petrobras
No mercado, a sinalização da Petrobras foi recebida de forma positiva. As ações PETR3 e PETR4 subiam cerca de 1% nesta terça-feira (9), impulsionadas também pela valorização do petróleo no exterior. O movimento ocorreu em meio a um aumento menor que o esperado na produção da Opep+ e à persistência de riscos relacionados a possíveis sanções contra a Rússia.
Analistas ressaltam que cortes de custos e desinvestimentos em ativos não estratégicos fortalecem a confiança do mercado, especialmente diante da preocupação com a sustentabilidade da dívida e a continuidade da política de dividendos.
Petrobras em busca de equilíbrio
A Petrobras segue em uma posição delicada: precisa garantir geração de caixa e manter atratividade para investidores, mas enfrenta pressões externas ligadas à volatilidade do petróleo e riscos políticos internos. O novo plano de negócios será, portanto, um teste para medir até onde a companhia conseguirá avançar em eficiência sem comprometer investimentos estratégicos no pré-sal e em novas fronteiras exploratórias.