A Petrobras (PETR4) volta ao centro das atenções dos investidores com perspectivas mais positivas para 2026. Analistas do BTG Pactual destacam que a estatal apresenta assimetria favorável, combinando maior produção de petróleo com menor necessidade de capex e opex do que o inicialmente projetado em seu Plano de Negócios. Esse movimento pode antecipar e ampliar o pagamento de dividendos extraordinários já a partir do próximo ciclo.
Produção em alta e disciplina de investimentos
O relatório ressalta que, enquanto o Plano de Negócios considera um Brent de US$ 83/barril, a média recente está mais próxima de US$ 70/barril. Mesmo assim, a Petrobras vem demonstrando capacidade de geração de caixa sólida, sustentada por uma produção de óleo e gás crescente e investimentos mais seletivos.
De acordo com as projeções, a produção pode chegar a 2,54 mbpd em 2027, enquanto o capex total deve se manter entre US$ 17,6 e US$ 18,8 bilhões no período, patamar inferior ao esperado anteriormente. Essa combinação fortalece a margem operacional e abre espaço para dividendos consistentes.
Cada redução de US$ 1 bilhão em capex ou opex poderia elevar o dividend yield de 2026 em 0,5 ponto percentual, segundo o BTG.
Dividendos da Petrobras (PETR4): projeções e cenários
A expectativa é de que a estatal mantenha um dividend yield próximo de dois dígitos em 2026, mesmo em cenários mais conservadores.
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Com Brent a US$ 65/barril e capex em US$ 13 bilhões, o yield projetado é de ~9,9%.
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Se o Brent atingir US$ 85/barril, os dividendos poderiam ultrapassar 15% de retorno.
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Já com produção mais elevada, próxima de 2,55 mbpd, o yield poderia superar os 17%.
Esses números reforçam a visão de que a Petrobras (PETR4) continua sendo uma das companhias mais atrativas em termos de retorno ao acionista entre as majors globais.
Riscos: política e ciclo eleitoral
Apesar da atratividade, o risco político segue como principal ponto de atenção. O mercado ainda reage a especulações sobre potenciais investimentos em etanol e GLP, que poderiam comprometer parte da geração de caixa. Em 2025, por exemplo, estão previstos desembolsos de US$ 2,5 bilhões nesses segmentos, reduzindo o yield do ano para algo próximo a 8%.
Além disso, o ciclo eleitoral de 2026 traz incertezas sobre a estratégia de longo prazo da companhia. Mudanças de governo podem alterar o foco dos investimentos e a política de dividendos.
Perspectivas para valorização das ações
Segundo o BTG, pares regionais da Petrobras negociam com prêmio de ~20% em múltiplos EV/EBITDA, enquanto a estatal segue descontada. Uma eventual convergência poderia gerar valorização de ~30% no valor de mercado das ações PETR4, sem considerar os dividendos.
Para os analistas, a chave será a confiança dos investidores na sustentabilidade dos dividendos. Caso a estatal mantenha yields atrativos, reduzindo a percepção de risco político, poderá atrair fluxos adicionais e se aproximar das grandes petroleiras globais em valuation.