Nos últimos dias, o BTG Pactual conduziu uma nova edição da Portfolio Manager Compass, uma pesquisa de sentimento dos investidores focada em avaliar o sentimento e o posicionamento dos investidores locais em relação aos temas centrais do mercado. Os resultados revelaram um aumento no pessimismo entre os investidores, especialmente diante dos desafios fiscais enfrentados pelo Brasil. Apesar das recentes manchetes sobre cortes de despesas, o cenário permanece incerto, levando a uma postura mais cautelosa e defensiva por parte dos entrevistados.
A pesquisa, realizada em outubro de 2024, capturou a percepção de uma grande parcela de gestores e investidores locais, destacando as preocupações com a volatilidade dos mercados e as incertezas fiscais. A seguir, um resumo dos principais pontos levantados no estudo, que incluem desde o comportamento do Ibovespa até o impacto da política internacional nas estratégias de alocação.
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Resultado da Pesquisa de sentimento dos investidores
O estudo mostrou uma deterioração clara no sentimento dos investidores. Apenas 26% dos entrevistados estão otimistas em relação ao futuro do mercado, enquanto 50% adotam uma posição neutra, refletindo a falta de convicção e confiança. Comparado ao mês anterior, em que 37% dos entrevistados se diziam otimistas, o cenário atual demonstra um ambiente de maior cautela. Esse aumento no pessimismo é resultado, principalmente, das preocupações com a situação fiscal do Brasil.
Além disso, 31% dos fundos de investimento reportaram resgates em outubro, um aumento considerável em relação aos 21% do mês anterior, o que reforça a cautela dos investidores frente ao aumento da volatilidade e à falta de clareza sobre os próximos passos econômicos do país.
Preferência por Setores Defensivos
Outro destaque da pesquisa foi o aumento da preferência pelo setor de serviços públicos, que teve um salto de 40% nas posições long (compradas), contra 23% no mês passado. Esse movimento reflete uma postura mais defensiva por parte dos investidores, que buscam segurança em meio ao cenário volátil. Eletrobras (ELET) e Sabesp (SBSP) estão entre as ações mais recomendadas dentro desse setor.
Avaliação do Ibovespa e Projeções para o BRL
Apesar do pessimismo, 58% dos entrevistados ainda consideram o Ibovespa como subvalorizado, com 14% afirmando que o índice está “extremamente subvalorizado”. No entanto, poucos gestores estão dispostos a aumentar suas posições em ações brasileiras — apenas 34% indicaram interesse em aumentar suas alocações. Isso sugere que, embora o índice esteja barato, os investidores permanecem relutantes em assumir mais riscos, devido à falta de catalisadores que possam impulsionar uma valorização no curto prazo.
A maioria dos entrevistados projeta que o Ibovespa deverá oscilar entre 130 mil a 140 mil pontos no final de 2024, com apenas 8% esperando que ultrapasse essa faixa. Esse número é significativamente menor do que os 42% que previam uma valorização acima de 140 mil pontos no mês passado.
Projeções para o Dólar
A expectativa em relação ao BRL (real brasileiro) também sofreu uma revisão negativa. A maioria dos entrevistados (62%) projeta que o dólar deverá ser negociado entre R$ 5,40 a R$ 5,60 até o final do ano, refletindo uma visão mais depreciada da moeda brasileira em comparação com o cenário global. A instabilidade fiscal e os desafios econômicos internos estão por trás dessa visão menos otimista
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Exposição Global e América Latina
No contexto internacional, a pesquisa revelou um ceticismo em relação aos mercados americanos. Cerca de 68% dos entrevistados afirmaram que não pretendem aumentar suas posições em ações dos EUA, mantendo suas alocações estáveis. A maior parte dos investidores possui menos de 10% de exposição de suas carteiras em ativos americanos.
Em contrapartida, a América Latina atraiu algum interesse, com Argentina e México sendo os mercados mais mencionados como opções para diversificação regional. O México, em particular, ganhou mais atenção neste mês, sinalizando uma tendência de busca por ativos latino-americanos que ofereçam maior resiliência.
Principais Temas Macro e Riscos Identificados
No cenário doméstico, o principal tema de preocupação continua sendo a perspectiva fiscal, que recebeu 97% dos votos entre os entrevistados. A política fiscal é vista como a maior incerteza, com muitos investidores aguardando medidas concretas do governo para estabilizar as contas públicas. Em termos globais, os principais fatores de preocupação são as taxas de juros nos EUA (36%), seguidas pelas eleições americanas e o crescimento econômico da China.