As ações da Oncoclínicas (ONCO3) interromperam uma longa sequência de quedas e figuraram entre os principais destaques de alta da B3 nesta quarta-feira, 27 de agosto de 2025. O avanço de quase 10% no pregão ocorre logo após a companhia anunciar a venda de sua participação majoritária no Complexo Hospitalar Uberlândia (UMC), em Minas Gerais.
A transação foi fechada por R$ 160 milhões e envolveu a venda de 84% do capital social do UMC. A unidade, localizada na cidade de Uberlândia, é um hospital de alta complexidade e fazia parte do portfólio da Oncoclínicas.
Por volta das 10h33, os papéis ONCO3 subiam 9,03%, cotados a R$ 3,14, com alta intradiária máxima de 9,72%. O movimento positivo interrompe uma sequência de 10 sessões consecutivas de perdas, refletindo o impacto da notícia no humor do mercado.
Avaliação estratégica da venda
Para os analistas do banco Safra, a decisão de venda do UMC foi estratégica. Eles destacam que o valor implícito por leito, de cerca de R$ 0,8 milhão, é inferior à média nacional de R$ 1,5 milhão, praticada em transações hospitalares similares no Brasil. Isso reforça a percepção de que a Oncoclínicas buscava liquidez e foco em sua reestruturação.
Em termos financeiros, a operação contribui para reduzir a alavancagem da companhia. Segundo o Safra, a dívida líquida da Oncoclínicas deve cair de R$ 3,922 bilhões para R$ 3,762 bilhões, reduzindo o índice de dívida líquida/Ebitda de 4,4x para pelo menos 4,2x.
Apesar disso, o banco manteve sua recomendação de venda para as ações ONCO3, com preço-alvo de R$ 2, o que representa um potencial de desvalorização de 31% frente ao fechamento do dia anterior. Os analistas justificam a recomendação com base na alta alavancagem e em resultados operacionais ainda instáveis.
Segunda venda em poucos dias
A venda do UMC não foi um caso isolado. Dois dias antes, a Hapvida (HAPV3) adquiriu o Hospital de Oncologia do Méier (Marco Moraes), no Rio de Janeiro, também pertencente à Oncoclínicas. O valor da transação foi de R$ 5,3 milhões, a ser ajustado com base em dívida líquida e capital de giro no fechamento.
Para o mercado, essa sequência de alienações reforça a tentativa da Oncoclínicas de fortalecer seu caixa e reduzir dívidas, num contexto de reestruturação operacional. A expectativa é que a empresa continue promovendo desinvestimentos pontuais em ativos não estratégicos.