A Omie, startup brasileira especializada em software de gestão online para pequenas e médias empresas (PMEs), acaba de protagonizar a maior rodada de investimento de 2025 no Brasil. A empresa levantou R$ 855 milhões em um aporte liderado pelo Partners Group, gestora suíça de private equity que fez sua estreia no país com essa operação. O movimento reforça a confiança no modelo de negócios da companhia e na transformação digital que ela lidera no segmento de gestão empresarial.
O tamanho da rodada e a relevância para o setor
O aporte na Omie foi majoritariamente secundário, permitindo uma saída parcial dos fundos que já investiam na empresa, como Softbank, Riverwood Capital, Astella, Tencent, Dynamo, HIX Capital, Bogari Capital e Brasil Capital. Diferente de outras operações, o destaque desta rodada é que nenhum dos investidores anteriores deixou totalmente a base acionária — todos optaram por reinvestir, reforçando a confiança no futuro da companhia.
Segundo Marcelo Lombardo e Rafael Olmos, fundadores da Omie, esse aspecto simbólico mostra que a startup conquistou credibilidade no longo prazo. “Isso mostra a confiança no nosso plano de expansão. Os investidores não estão saindo, pelo contrário, estão dobrando a aposta”, disse Lombardo.
Partners Group: estreia no Brasil com a Omie
O Partners Group, que administra mais de US$ 170 bilhões em ativos, escolheu a Omie para realizar seu primeiro investimento de growth equity no Brasil. O fundo já atua na América Latina desde 2012, mas até então seu foco estava em aquisições maiores e tradicionais. A entrada na Omie marca uma mudança de estratégia, mirando empresas de alto crescimento que atuam em setores estratégicos de tecnologia.
De acordo com Tiago Andrade, head de private equity do Partners Group na região, o modelo da Omie é altamente escalável. “A Omie está posicionada de forma única para liderar a transformação digital das PMEs no Brasil. O momento é perfeito para acelerar o crescimento”, afirmou o executivo.
Números que impressionam
Atualmente, a Omie atende cerca de 180 mil clientes ativos e movimenta mensalmente R$ 35 bilhões em notas fiscais por meio de sua plataforma. Isso equivale a aproximadamente 3,5% do PIB brasileiro, o que mostra a relevância que o software já conquistou.
Além disso, a empresa possui ARR (Receita Anual Recorrente) de R$ 600 milhões e foi avaliada em US$ 700 milhões (pre-money) na rodada, valor 70% superior ao da última captação realizada em 2021.
A meta da Omie é ambiciosa: atingir US$ 1 bilhão em faturamento e 1 milhão de clientes até 2031. Para chegar lá, a empresa pretende acelerar sua presença no mercado interno, expandir serviços financeiros dentro da plataforma e fortalecer sua posição como ferramenta indispensável para PMEs que buscam digitalização.
Estratégia de crescimento e diferenciais
O diferencial da Omie está na integração entre tecnologia de gestão empresarial e serviços financeiros. A empresa começou com foco em automação contábil e gestão fiscal, mas ao longo do tempo incorporou soluções como crédito, pagamentos e integração bancária.
Mais recentemente, a Omie lançou uma versão do seu software compatível com WhatsApp, permitindo que empresas controlem processos de forma ainda mais prática. Segundo Lombardo, a próxima grande onda de crescimento virá da reforma tributária, que exigirá maior digitalização das empresas. “A reforma vai afetar todo o ecossistema de contadores e PMEs, acelerando a adoção de soluções digitais como a Omie”, afirmou.
Outro ponto destacado é o uso crescente de inteligência artificial na plataforma. O objetivo é reduzir atritos no uso da tecnologia, oferecer insights automáticos e tornar a gestão mais eficiente.
Mercado de PMEs: oceano azul para a Omie
O Brasil conta com quase 20 milhões de PMEs, das quais apenas 6 milhões são consideradas o público-alvo principal da Omie hoje. Isso abre espaço para expansão acelerada. Atualmente, 80% dos clientes que chegam à empresa ainda utilizam sistemas manuais como Excel, papel ou planilhas.
Essa realidade representa uma oportunidade bilionária de digitalização. Para Lombardo, o potencial é claro: “Operamos em um mercado gigantesco e subatendido. Nosso objetivo é ser o parceiro número um das pequenas e médias empresas brasileiras.”
O futuro da Omie após o aporte
Com o caixa reforçado pelo aporte, a Omie pretende ampliar investimentos em tecnologia, expansão comercial e serviços financeiros, consolidando-se como um ecossistema completo para PMEs.
Segundo analistas de mercado, a rodada de R$ 855 milhões não apenas garante fôlego para execução do plano de crescimento, mas também posiciona a empresa como um dos casos mais promissores de unicórnio brasileiro nos próximos anos.
Para investidores, a Omie mostra que o setor de tecnologia para PMEs no Brasil continua atraindo capital mesmo em um cenário global de cautela. Para os clientes, significa a chegada de mais inovações e soluções que podem simplificar a gestão e abrir novas oportunidades de crescimento.