Investir em ações no Brasil tem sido um verdadeiro teste de resiliência para os investidores nos últimos meses. Com o Ibovespa acumulando uma queda de 10% e o índice Small Caps despencando 24% no ano passado, o cenário reflete os desafios de um mercado pressionado por incertezas econômicas, políticas e globais. Nesse ambiente turbulento, muitos se perguntam como navegar por tamanha volatilidade sem perder o foco em estratégias de longo prazo e nos fundamentos que movem os mercados.
Pelo que tenho observado pelas discussões em grupos de investidores no Whatsapp e Twitter, temos 3 tipos de investidores de ações no momento:
- O Dividendeiro
O primeiro perfil é daquele investidor conservador que investe nas empresas estáveis e maduras que pagam bons dividendos recorrentemente. Nos últimos tempos, esse tipo de investidor tem sido o mais feliz de todos. Em momentos ruins para o mercado, esse tipo de ação tende a cair menos e hoje temos algumas empresas projetando um dividendo anual de 2 dígitos. Para esse perfil, o setor de utilities* e financeiro são a regra e a Petrobrás não pode faltar como a maior pagadora de dividendo do país.
- O Camaleão
O segundo tipo é o investidor que procura entender o ciclo e o contexto de mercado e adequar o portfólio para navegá-lo da melhor maneira. Esse tipo vai alterando o perfil da carteira à medida que o cenário muda. Muitos gestores de ações brasileiros estão com a carteira mais defensiva para o momento conturbado de hoje. É o caso de Christian Keleti que detalhou como está sua cabeça no último texto dessa newsletter, que pode ser lido aqui. Keleti, assim como outros bons gestores, está com um portfólio de travessia, investindo em empresas de qualidade, líderes de mercado, formando uma carteira equilibrada, evitando as mais alavancadas e arriscadas nesse momento.
Para esse perfil, um portfólio balanceado com utilities, seguradoras, exportadoras e um pouco de domésticas vai bem.
- O Super-Herói
Por último temos o investidor que quer ser o super herói e investe nas empresas mais arriscadas. Geralmente empresas em que a quase toda a capitalização de mercado é dívida. Esse investidor tem sofrido muito ultimamente e alguns até quebraram pelo caminho. Na hora que o mercado virar, esse vai ser o cara que terá os melhores retornos. Sua carteira pode triplicar em um espaço curto de tempo, mas até lá ele precisa se manter vivo. O Twitter está cheio desse perfil.
Para esse investidor, uma carteira recheada de empresas de beta alto faz sentido. Empresas bem alavancadas como as do grupo Simpar satisfazem esse perfil.
Particularmente, me encontro no perfil número que chamo de camaleão. No Brasil, não basta ser um buy and holder puro. Os fortes ciclos de juros e inconstâncias políticas dão uma dinâmica própria ao nosso mercado. É preciso se adaptar. Em 2023, o super herói se saiu melhor. Tivemos um dos melhores anos para o chamado kit Brasil. Já em 2024, o dividendeiro conseguiu proteger melhor o capital em um ano difícil.
No momento estou com uma carteira bem mais defensiva do que costumo estar. Tenho minha parte em empresas que pagam ótimos dividendos. Nesse momento, ter um fluxo de caixa que te permite ir comprando ações cada vez mais baratas, faz bastante sentido. Também tenho uma parte em empresas domésticas um pouco mais arriscadas, mas ainda uma parcela pequena do portfólio. No momento que entender que o ciclo está virando e que os juros chegaram no topo, devo ir aumento o peso dessas empresas na carteira.
Com certeza você conhece algum gestor famoso ou investidor que se encaixa em algum dos perfis. E você, qual seu perfil?
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*O setor de utilities na bolsa de valores é composto por empresas que fornecem serviços essenciais à sociedade, como água, energia elétrica e gás natural.