A Novo Nordisk (N1VO34), gigante dinamarquesa do setor farmacêutico e fabricante do popular medicamento para perda de peso Wegovy, anunciou nesta quarta-feira (10) um corte de 9 mil postos de trabalho em sua operação global. O objetivo da medida é conter custos, retomar o crescimento e se defender da pressão cada vez mais intensa da rival norte-americana Eli Lilly e da expansão de medicamentos genéricos no mercado.
Segundo comunicado, a reestruturação deve gerar uma economia anual de 8 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,25 bilhão). No entanto, os custos não recorrentes ligados ao processo de cortes somam 9 bilhões de coroas, contribuindo para que a empresa emitisse seu terceiro alerta de lucro apenas em 2025.
A ascensão meteórica da Novo Nordisk e a reversão recente
A trajetória da Novo Nordisk mudou em meados de 2021, quando o Wegovy se consolidou como o primeiro medicamento aprovado nos Estados Unidos com eficácia comprovada contra a obesidade. O sucesso imediato impulsionou as ações da companhia e a colocou no topo do mercado de capitais europeu, alcançando uma capitalização de aproximadamente US$ 650 bilhões em 2024.
Com a expectativa de crescimento contínuo, a empresa praticamente dobrou seu quadro de funcionários em cinco anos. Agora, o excesso de contratações se transformou em peso, obrigando a companhia a rever sua estrutura.
As demissões em massa farão com que o número de colaboradores retorne aos níveis observados no início de 2024, destacou Simon Baker, analista da Redburn Atlantic.
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Investidores punem a Novo Nordisk
A confiança do mercado também foi abalada. Em julho, após um alerta de lucros e a nomeação do veterano Mike Doustdar como novo presidente-executivo, os investidores retiraram US$ 70 bilhões do valor de mercado da farmacêutica.
Desde o início do ano, as ações da Novo Nordisk (N1VO34) acumulam uma queda de 46%, reduzindo sua capitalização para US$ 181 bilhões, um valor muito abaixo do pico atingido em 2024.
Concorrência feroz e futuro incerto
O principal desafio da companhia é o avanço da Eli Lilly, que também aposta em medicamentos inovadores para obesidade e diabetes, conquistando fatias importantes do mercado global. Além disso, a chegada de versões genéricas mais baratas coloca pressão adicional sobre margens de lucro já comprometidas.
Especialistas afirmam que a reestruturação da Novo Nordisk é um movimento necessário para preservar competitividade em um setor em rápida transformação. No entanto, a combinação de queda nas ações, demissões em massa e incertezas sobre crescimento deixa investidores e analistas em alerta quanto ao futuro da farmacêutica.