Durante a cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026, realizada nesta segunda-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a comentar o atual patamar da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, e defendeu a atuação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Lula afirmou que o cenário de juros elevados deverá ser corrigido “com o passar do tempo”.
Lula defende seriedade de Galípolo em evento
“O Banco Central é independente, o [Gabriel] Galípolo é um presidente muito sério, e eu tenho certeza de que as coisas vão ser corrigidas com o passar do tempo. Nós sabemos o que herdamos e não queremos ficar chorando o que herdamos”, declarou Lula.
O presidente também disse que gostaria que todos os juros fossem zero, mas reconheceu que a política econômica não tem influência direta sobre as decisões atuais do Banco Central, reforçando a independência da instituição.
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Selic no maior nível em 20 anos
A declaração de Lula ocorre em um momento de pressão crescente sobre a política monetária. Em 18 de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a Selic para 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. Esta foi a sétima alta consecutiva da taxa, que serve de referência para os juros cobrados em empréstimos, financiamentos e investimentos.
Analistas de mercado projetam que, a partir de janeiro de 2026, o Banco Central possa iniciar um novo ciclo de cortes na Selic, caso a inflação se mantenha sob controle.
Impactos na economia
A Selic elevada tem efeitos diretos na economia. Por um lado, ajuda a conter a inflação, ao desestimular o consumo e o crédito. Por outro, encarece o financiamento, prejudica a atividade econômica e limita o crescimento. Lula, em declarações anteriores, chegou a criticar duramente o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nomeado por Jair Bolsonaro, por manter a Selic em níveis elevados.
Com a chegada de Galípolo à presidência do BC, o governo aposta em uma relação mais alinhada com seus objetivos econômicos, embora respeitando a autonomia da instituição.
Plano Safra e investimentos no campo
As declarações de Lula foram feitas durante a apresentação do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, que prevê R$ 78,2 bilhões em créditos para financiamento via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). No total, o plano movimentará R$ 89 bilhões, contemplando também compras públicas, seguro agrícola, garantia de preço mínimo, entre outras ações.
Segundo o governo, as taxas de juros variam de 0,5% a 8% ao ano, dependendo da linha de crédito. O objetivo é apoiar pequenos produtores, estimular o uso de tecnologias sustentáveis e reforçar a segurança alimentar do país.
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Perspectivas para a política monetária
Apesar do atual patamar elevado da Selic, o governo aposta que os fundamentos econômicos permitam uma inflexão na política monetária em 2026. A expectativa é de que, com o controle da inflação, haja espaço para a redução gradual dos juros, favorecendo o crédito, os investimentos e o crescimento do PIB.
Ao reiterar a confiança em Galípolo e na atuação do Banco Central, Lula sinaliza ao mercado um compromisso com a estabilidade institucional e a busca por um ambiente econômico mais favorável, sem abrir mão da autonomia do BC.