O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou suas críticas à política monetária conduzida pelo Banco Central do Brasil, focando principalmente na manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano. Durante uma entrevista concedida à Rádio Gaúcha, Lula afirmou que “não há explicação” para que a taxa permaneça nesse patamar, especialmente considerando que a inflação atual está em torno de 4%. Ele questionou a lógica por trás da decisão do Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto, que, segundo Lula, “tem desagradado o país” com sua abordagem rigorosa.
Lula enfatizou que a alta taxa de juros imposta pela Selic tem dificultado o acesso ao crédito, afetando negativamente a economia brasileira e, particularmente, os pequenos empresários e consumidores. “O Banco Central tem necessidade de manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está a 4%? O Banco Central leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade de fazer financiamento?”, questionou Lula durante a entrevista.
Leia agora: CEO do Entre Altas e Baixas lança serviço exclusivo de sinais com Opções e Swing Trade
Além disso, o presidente demonstrou descontentamento com a falta de um plano mais amplo por parte do Banco Central que considere não apenas o controle da inflação, mas também o crescimento econômico do país. Para Lula, a instituição deveria ter um “plano de meta de crescimento”, uma vez que a manutenção da Selic em níveis elevados sem considerar o impacto sobre o desenvolvimento econômico é inadequada.
Com o término do mandato de Campos Neto no final deste ano, Lula indicou que pretende nomear um sucessor que tenha “coragem de reduzir a taxa de juros quando for necessário” e que esteja comprometido com o desenvolvimento do Brasil. Um dos nomes mais cotados para assumir a presidência do Banco Central é Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária da instituição. No entanto, ao ser questionado se Galípolo seria sua escolha, Lula respondeu: “não sei se será o Galípolo“, ressaltando que ainda não tomou uma decisão definitiva.
Resultado Azevedo & Travassos 2T24: Prejuízo de R$ 77,1 Milhões
Lula também mencionou que pretende discutir a nomeação do próximo presidente do Banco Central com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a fim de garantir uma aprovação rápida e sem complicações. Isso demonstra a importância estratégica que Lula atribui à escolha do novo chefe da política monetária brasileira.
Essa questão está no centro de um debate maior sobre o papel do Banco Central e a eficácia de suas políticas. Enquanto Campos Neto defende que a manutenção de juros altos é necessária para conter a inflação e garantir a estabilidade econômica, Lula argumenta que essa abordagem é excessivamente conservadora e ignora as necessidades de crescimento do país. O presidente, inclusive, sugeriu que o Banco Central deveria ter um papel mais ativo na promoção do desenvolvimento econômico, alinhando suas metas com os interesses mais amplos da sociedade brasileira.
Câmara vota imposto de dividendos
Essa divergência de visões pode ser observada nas declarações mais recentes de Lula, nas quais ele sublinhou que a política de juros elevados não só prejudica os consumidores e empresários, mas também impede o Brasil de alcançar um crescimento mais robusto. “A CNI, a Fiesp, ao invés de reclamar do governo, deveriam fazer passeata contra a taxa de juros, porque são eles que estão tendo dificuldade, são eles que não conseguem crédito, não é o governo”, disse Lula, direcionando suas críticas também ao setor empresarial, que, segundo ele, deveria ser mais vocal em sua oposição aos juros altos