A taxa média dos juros do rotativo do cartão de crédito alcançou 451,5% ao ano em agosto, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC). O índice representa o nível mais alto para o mês desde 2016, quando chegou a 482,7% ao ano. Apenas em relação a julho, houve um avanço de 5,3 pontos percentuais, já que a taxa estava em 446,2%.
O rotativo é acionado quando o consumidor não consegue pagar o valor total da fatura e opta por quitar apenas o mínimo. Na prática, uma dívida no cartão cresce rapidamente, podendo multiplicar-se por cinco em apenas um ano se não houver liquidação integral.
Outras linhas de crédito também pressionam
De acordo com o BC, o cheque especial — considerado a segunda linha de crédito mais cara — também apresentou taxas elevadas, ainda que em queda no mês. A média ficou em 137,9% ao ano, recuo de 0,3 ponto percentual em relação a julho. Na prática, uma dívida de R$ 800 nesse tipo de crédito pode ultrapassar R$ 2 mil após 12 meses sem pagamento.
Já o crédito consignado segue como a modalidade mais barata, mas também subiu em agosto. A taxa média atingiu 26,7% ao ano, o maior nível desde 2017. Os beneficiários do INSS pagam as menores taxas, de 24,1%, enquanto servidores públicos enfrentam juros de 24,8% e trabalhadores do setor privado, de 56,3%.
Impacto no bolso do consumidor
Especialistas alertam que o cenário de juros elevados reforça a necessidade de planejamento financeiro. O rotativo do cartão de crédito é considerado a linha mais arriscada, e a recomendação é buscar alternativas como portabilidade de dívida, crédito consignado ou negociação direta com as instituições financeiras.
O BC informou ainda que manterá a divulgação da série histórica sobre os juros, para acompanhar a evolução das taxas e dar maior transparência ao sistema de crédito brasileiro.